Des-concerto

Data 28/08/2009 10:24:09 | Tópico: Poemas


(OPus.36)
salmo segundo os afortunados
cantais um desígnio
de relinchos de ouro
molhos de evidências fumegantes
das ostentações do mercado dentro do templo.
profanais e ordenais ao mundo e ao seu sentido retrógrado,
a pauta original sobre os textos das sagradas escrituras.

tocai uma música que eu não conheça
de harpas e clarins onde desça,
os céus em notas novas.
trinados anónimos,
sem derramarem a extrema culpa pelo condenado.
sem pecado original
sem a chaga
sem os setes pecados mortais
sem liturgias em capa encriptada pelo pó,
a assolar a vertigem do pregado na cruz,
ao ver o mundo do avesso enquanto ecos o apedreja
e prenuncia “ Pai, eles não sabem o que fazem”
a maldição de todos os séculos.

aproxima-te Homem! vestido de todos os males
cobre o varando com o teu manto
enterra os cobres da traiçã,
enquanto o galo canta, a alvorada que não se pode negar.

porque eu, eu …
lavo as minhas mãos.



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