
A Grande Amante
Data 28/08/2009 13:22:54 | Tópico: Poemas
| Foste a pior das minhas amantes, A que despendi mais que tempo para uma vida. Foste a primeira e única, sempre presente. Contigo traí todas as outras. És veneno viciante, Por muito distante que me encontre, Encontro-te sempre, sinto-te. Volto. Como volto sempre, Eu nesse mundo fechado sobre ele próprio Diferentemente comum a todos que te conhecem.
Talvez sejas uma Deusa, uma Deusa viva do amor, Uma Afrodite (Vénus), Ísis, Freya; um demónio, Vampiro sedento. Meu amor, quantas vezes te devia ter deixado? Quão perdi por ti? E o tempo que me roubaste Quando brincavas com clausuras, Atracção física, centro de gravidade. Quantas vezes brincaste?
Foste a melhor das amantes, Os sítios que tão bem conheço. Não te conheço por inteiro, Mas o que conheço, Conheço mais intimamente Que a mais ínfima chama que não ardeu por ti.
Foste a minha prisão, privação, isolação, És de onde ainda é difícil fugir. Amar-te-ei sempre acima das outras, És algo que se traz cravado no corpo, Uma certeza sem dúvida, O sentimento permanente, Como te amo, como me permiti amar-te assim? Descontrolado, Sempre teu, sempre... Não morre este amor Tão certo como a minha respiração, Quem sabe, mesmo depois desta cessar.
Foste, és, serás. Por ora tenho que te abandonar (Mesmo no sofrimento da tua indiferença) Vou-te deixando Aos poucos Que ressaco de ti. Matas-me quando me alimentas Na falta do teu veneno as células sedentas Estimulam a dor Que o cérebro distribui pelo corpo.
Meu amor, compulsão Amas-me da mais estranha maneira, Da forma que permiti que me amasses.
Meu amor, deixa-me buscar mais, Deixa-me amar quem quero amar, Alguém que irrompa as tuas fronteiras, Que explore as tuas limitações. Meu amor, ter demorado tanto tempo Que eu mesmo te rasguei para sair.
Mesmo à tua indiferença Digo, vou e amarei. A ti voltarei; sempre.
13/07/2009
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