Leve, sem asas ...

Data 16/06/2007 19:15:02 | Tópico: Poemas

Leve, sem asas, o meu sonho compartilha
no etéreo, numa franja longínqua de ternuras,
um qualquer ponto da distribuição da curva de Gauss.

Irreal - num mar de dor e pranto - , navega em
naus perdidas de um traçado imaculado o substrato
da alma coberto de algas esvoaçantes.

Despidos da pele dos astros os olhos rasam adjacentes
a linha d’agua em gestos desmedidos,
de um universo iluminado na cor de pedra nua.

Em busca de si, em busca da voz de dentro,
da voz do vento,
que te chama ao convés de nós,
à garganta dos iluminados,
a bordo de um navio
onde os sentimentos caminham descalços -
têm a cor das amoras maduras -,
e as bocas se cobrem dos silvados
adivinhados das loucuras,
no andor dos anjos,
no palco dos mitos,
no bulício do espaço.

Leve, sem asas, o meu sonho compartilha
a alegoria da demora afundando no porão,
nas grilhetas da trivialidade, a emoção e
todos os desvarios, de nós poetas,
de nós profetas do vácuo e do vazio.

Abúlica, despida de regras, enceto um jogo
sem horas
sem tempos
sem físico espaço
em que a única regra é a maximização
dos corpos no gerar d’abraços
em rios de dedos
em findos medos
em cenários de gestos síncronos
em palcos vastos
no suor dos corpos, rendidos,
absolutos,
absolvidos d'algemas cravas nos pulsos.



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