Tão-somente EU

Data 30/08/2009 21:48:20 | Tópico: Prosas Poéticas

















As ondas suaves, enrolam-se na suavidade do sol, embriagado pelas nuvens corpulentas

A “ilha” permanece no mesmo local, farta de explosões momentâneas, silenciando o cântico dos pássaros, que se aninham nas árvores dançantes à brisa desabrida de ser.

Aqui no meu refúgio pungente de azul e cinzento, aprendo a reinventar a primavera mesmo que, o Inverno chuvoso e temporal, permaneça nos raios de sol, que rasgam a noite em cada amanhecer.

As ideias permanecem para alem da erosão do tempo, cinzelando memórias de outro mar, onde as ondas de pele sulcam as entranhas do meu corpo.

O pensamento voa nas palavras prensadas, pela tinta que escorre da memória pulsátil dos meandros do tempo, que permanece a meu lado, estático…rindo-se de mim.

Sinto nos meus dedos ávidos, a vontade de esculpir a mesma escultura, que um dia esculpi com o barro da minha alma.

Há sempre um poema que irrompe, das águas turbulentas do mar ancorado, na baia silenciosa do meu regaço, onde as minhas mãos desalentadas, jazem cheias de palavras moribundas.

Versos despidos navegam no vaivém trôpego das ondas do meu olhar, ausente num ponto nublado desse mar.

As palavras são o que são, sobrevivem para alem de nós, ressoam na mente em sons agudos de um violino, violentado por fantasmas perdidos na enseada do tempo.

É urgente decepa-las, peneirá-las, coando-as no filtro encoberto do inconsciente, acordado pela urgência de ser o que quero ser, tão-somente “EU”.

Escrito a 24/08/09



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