8º grão

Data 01/09/2009 14:41:30 | Tópico: Poemas -> Dedicatória

A ti Meu Amigo, Meu Irmão.

Rest in Peace!
1970-2008


Com a cabeça sobre a folha de prata virada,
olhava o campanário, no fervilhar das estrelas
dentro daquele curto céu
rezava sem saber a qual deus.
Entre a vigília e o sonho,
na hora extrema ouvia,
os passos dos seus monstros interiores.

As pancadas secas
davam pela presença
do regresso ao vazio.

À desolação, ao suor,
ao bafio, aos tremores.
à comichão, ao vómito
à lassidão do corpo que parecia agora um terramoto.

Havia criado uma fractura,
aberto um vale entre o tempo e a realidade,
um desvario,
um anseio geral que o empurrava para o desfasamento
para a insânia lá dentro, dos seus pensamentos, escurecidos
mas, também de remoinhos e fundões.

Pensava com saudades no bastardo,
a doçura que fora, que ele mesmo sepultara
nos flancos do abismo com um oitavo grão de heroína.



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