10/02/2003

Data 04/09/2009 21:09:55 | Tópico: Prosas Poéticas

Porto, 10/02/2003
Nesta manhã cinzenta com cheiro a café e carros a passar para lá deste vidro comercial, um puto apontando para o leite achocolatado da montra e eu aqui sentada acompanhada por meio copo de água.
Amanhã tenho um exame, um curso que me tem acrescentado um pouco ao pouco que conheço.
Uma prateleira que verga com várias garrafas de litro e meio e um Santo António olhando por elas e aqueles Tic-Tac que me seduzem a imaginação do paladar.
Alguma vez chegarei a escrever o que sinto? Como os famosos poetas e escritores de romances? Será que o faziam assim, ou apenas sentiam o que escreviam?
Talvez numa vida mais além, aquela que esta contém, mas ainda não é contida, darei mais valor ao menor tempo que me resta? Os dias a sonhar a tristeza e, no entanto, conseguir olhar os dias que passam com paixão e fervor, sendo esses preenchendo a minha alma, a minha vida, o meu amor?
Felizmente insconciente numa triste consciência olhando um futuro que olha para trás contente... Como será possível?
Melancolia que se extravasa alegremente num olhar de sonho e magia... E porque choro perante a beleza das coisas? E porque rio quando alguém tropeça da rua? E porque suspiro quando alguém deixa este mundo e tento decorar a imagem do horizonte nesse dia? E porque me ponho a escrever quando o tempo urge para o exame? E porque teimo em andar mais à frente do que o que faço? Urgência no sentimento, no pensamento? Mas o corpo não responde e a alma deixa-se a andar devagar relaxada...
Nunca chegarei ao amanhã...



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=97693