CARISMA

Data 05/09/2009 11:55:09 | Tópico: Poemas


CARISMA



Enrolo a vida no pão que mastigo
Mas ninguém, nem Deus se existe
Me dará a fome por morte por castigo
Pois já é morte, a vida que me resiste

Devoro o pão da seara do tempo
Mato a sede na tempestade do nada
Comendo no pomar do sentimento
A revolta muda, da palavra calada

Migalha molhada na luta que travo
Palavras que digiro, mas não escrevo
Nem revelo num sorriso de desagravo
Pois a tal destemor, não me atrevo

No negrume da noite bebo o café
Que adoço, com saudades salgadas
Pois secaram as lágrimas,onde a fé
Eram nuvens alvas e açucaradas

No pardieiro dos meus sentimentos
Estão as células que já definham
Na vida, na dores e nos lamentos
Tempos que a memória desalinham

Na carcaça do meu corpo encurralado
O coração expulsa mágoas encerradas
Que sangram, como palavras dum fado
Tristezas e mil desditas mal saradas

No meu cérebro conduto o pensamento
Expulsando a vida na palavra sussurrada
Dou tempo ao tempo, até ao momento
Em que o tudo, se transforme em nada

Sentado á grande mesa do tempo
Espico a vida com o garfo tridente
E levo-o á boca, sorvendo o tempo
Onde mastigo a morte, lentamente

delgado












Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=97747