Buraco Negro

Data 05/09/2009 15:41:55 | Tópico: Sonetos

Jaz o poeta no caixão vazio
(foi morto por Caim sem ser Abel)
e sente à sua volta um corrupio
de vultos a carpir num aranzel

e a dizer os seus versos que não leram
(e até os poemas que não fez)
e ouve mesmo alguns que o tresleram
citá-lo entre aspas desta vez

Jaz o poeta no buraco negro
da memória varrida pelo vento
e caído no fundo desse pego
no meio do lençol do esquecimento

o que sobra por fim desata o nó
da espessura do tempo: e fica em pó


© Domingos da Mota

do livro em preparação, Matéria Negra, e publicado também no blogue http://morcegoseolhimancos.blogspot.com/


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