Tribos de Escritores de Sites

Data 16/09/2009 00:52:25 | Tópico: Textos -> Crítica

Tribos de Escritores de Sites
by Betha M. Costa

Esse não pretende ser um trabalho científico.É fruto da observação desta amadora presunçosa sobre a diversidade - boa em qualquer ramo da atividade humana - nos sites de literatura na grande rede.Na escrita onde as matérias primas dos textos são imaginação, conhecimento e criatividade, a heterogeneidade de padrões, pensamentos, atitudes e outros são excelentes fontes de aprendizado. Tentarei dar face a alguns desses grupos ou tribos:

Religiosos – têm fé exacerbada e inabalável. Falam de crença, luz, esperança. A graça Divina e os poderes no Ser Supremo estão de alguma forma presente nos seus trabalhos que enchem os olhos e coração de quem os lê de paz.

Góticos – costumam usar avatares assustadores e/ou deprimentes. São profundos. Dizem das mazelas do nosso interior e da humanidade. Transitam no céu e inferno, na crença e descrença com a velocidade do Trem Bala. Suas obras, em alguns despertam consciências adormecidas, em outros (mais sensíveis) o desejo do suicídio imediato, que é controlado com a leitura dos escritores religiosos.

Comadres – são flores de criaturas. Falam da natureza, de sentimentos e sensações femininas. Aos mais letrados soam piegas e sem nenhum talento. São literalmente amigas do peito. De vez em quando têm umas rusgas seguidas de pedidos de desculpas e lágrimas. De tanto que distribuem carinhos e beijinhos entre si, nem são consideradas escritoras por alguns de seus pares que acham que essa Tropa deveria estar em sites de relacionamentos e não de literatura.

Intelectuais – escrevem como em hieróglifos. Suas letras são complicadas, com teor carismático, metafísico, difícil ao entendimento dos reles mortais. Só eles e sua inteligência acima da média conseguem compreender e discorrer sobre suas grandes obras. Não ousam sujar seus literatos olhos em trabalhos - que segundo sua ótica e medida - não possuam pelo menos dois dedos de profundidade. Alguns têm cocientes de inteligências, sapiência e egos tão grandes que deveriam abrir sites de literatura só para eles. Nesse seleto grupo também existem os compadres que fazem entre si homenagens em formas de versos e prosas.

Novatos – são escritores que vão do medíocre ao mais puro brilhantismo. Chegam com suas letras onde já existem tribos antigas e mesmo que escrevam um texto a nível de grandes autores da literatura mundial têm leituras que não atingem nem dois dígitos. Depois de algum tempo engrossam um dos grupos já formados e vêem chegar outros que passarão pelas mesmas provações.

Populares ou Estrelas – de tão famosos no sítio na maioria das vezes nem precisam escrever um “A”. Postam um espirro e explodem o contador de acessos! Têm números espetaculares de comentários a dizer sobre o quanto o espirro é importante para limpeza da árvore respiratória, de quanto foi rítmico, belo e bem colocado aquele espirro. Alguns se emocionam e vão às lágrimas.

Ainda existem outros agrupamentos: os omissos, os mureiros, as fifis... Que são tão importantes dentro do contexto de um sítio literário internético quanto os já citados e serão matéria de outro ensaio.

Aos que se perguntam como ela pode ser tão crítica e pretensiosa, e, vir aqui “catalogar” estilos e pessoas?
Simples: olhei para dentro de mim e encontrei no meu interior um pouco de cada um deles e delas!




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