Escultura carne

Data 17/09/2009 20:25:24 | Tópico: Poemas

para que não te veja
faço-te invisível,
acima do pedestal.
para que não te recorde
nem tão pouco te reconheça
para que não te veja
faço-te silêncio
de uma qualquer inquietude.
sem cinzelada temporal ou causal
sem garra drama ou trama.
como um fiel amante com nome enganado
que se levanta antes da alvorada
e nos conta uma história
tão bela de tão falsa
que em sonhos sorrimos,
à versão acelerada.

mas, não vás, ainda!
deixa que eu te acabe.
assim, leve, transparente, argila.
para que não me vejas sangrando
por entre meus dedos pez.

...todavia, apesar de invisível, silencioso, moves-te no abalo mais forte das minhas emoções.
serás assim escultura feito carne?



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