CHUVA DE GRANIZO

Data 20/09/2009 00:59:12 | Tópico: Poemas

Depois que morrer
Não quero ser apenas lembrança

Quero ser vento
Para embaralhar cabelo de criança

Quero ser jamelão
E colorir maldosamente o chão em bolotas

Quero embaralhar idéias
Feito um copo de vinho

Desmantelar destinos
Numa paixão fulminante

Quero ser perfume
E me espalhar pelo ar

Ser uma Nossa Senhora imaginária
Dentro de cada pedrinha de granizo

Depois que morrer
Não quero ser apenas lembrança


Não quero que encontrem as páginas de meu diário
E minhas fotografias
E ser motivo de angústia
Ou de conselhos tardios

Quero ser uma conversa informal ao pôr de sol
Uma corrida à beira mar ao amanhecer
Cheiro de Orvalho
Lã de carneiro
Um lugar onde se gostaria de estar
Uma razão a mais pela qual cada um deve intensamente viver
Depois que eu morrer



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