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 Onde Estás?Publicado em 05/10/2007 16:20:58 | Tópico: Castro Alves
 
 |  | É meia-noite... e rugindo Passa triste a ventania,
 Como um verbo de desgraça,
 Como um grito de agonia.
 E eu digo ao vento, que passa
 Por meus cabelos fugaz:
 "Vento frio do deserto,
 Onde ela está? Longe ou perto?"
 Mas, como um hálito incerto,
 Responde-me o eco ao longe:
 "Oh! minh'amante, onde estás?. . .
 
 Vem! É tarde! Por que tardas?
 São horas de brando sono,
 Vem reclinar-te em meu peito
 Com teu lânguido abandono! ...
 'Stá vazio nosso leito...
 'Stá vazio o mundo inteiro;
 E tu não queres qu'eu fique
 Solitário nesta vida...
 Mas por que tardas, querida?...
 Já tenho esperado assaz...
 Vem depressa, que eu deliro
 Oh! minh'amante, onde estás? ...
 
 Estrela — na tempestade,
 Rosa — nos ermos da vida;
 lris — do náufrago errante,
 Ilusão — d'alma descrida!
 Tu foste, mulher formosa!
 Tu foste, ó filha do céu! ...
 ... E hoje que o meu passado
 Para sempre morto jaz...
 Vendo finda a minha sorte,
 Pergunto aos ventos do Norte...
 "Oh! minh'amante, onde estás?..."
 
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