Rosa Mutável

Publicado em 24/08/2008 16:04:01 | Tópico: Garcia Lorca

Quando se abre na manhã,
rubra como sangue está.
O orvalho não a toca
com medo de se queimar.
Aberta à luz do meio-dia
é dura como um coral.
O sol assoma nos vidros
só para a ver fulgurar.
Quando nos ramos começam
os pássaros a cantar,
e quando a tarde desmaia
nas violetas do mar,
torna-se branca, tão branca
como uma face de sal.
E logo que a noite toca
brando corno de metal,
e as estrelas avançam
enquanto se esconde o ar,
no risco fino da sombra,
começa-se a desfolhar.

in TRINTA E SEIS POEMAS E UMA ALELUIA ERÓTICA,Federico Garcia Lorca, Tradução de Eugénio de Andrade, Editorial Inova Limitada, Janeiro de 1970


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