A Colhida e a Morte

Publicado em 06/09/2008 15:20:00 | Tópico: Garcia Lorca

Às cinco horas da tarde.

Eram as cinco em ponto da tarde.

Um menino trouxe o lençol branco

às cinco horas da tarde.

Uma ceira de cal já preparada

às cinco horas da tarde.

Tudo o mais era morte, apenas morte

às cinco horas da tarde.



O vento levou os algodões

às cinco horas da tarde.

E o óxido semeou cristal e níquel

às cinco horas da tarde.

Já lutam a pomba e o leopardo

às cinco horas da tarde.

E uma coxa com um chifre desolado

às cinco horas da tarde.

Começaram os acordes de bordão

às cinco horas da tarde.

Os sinos de arsénico e o fumo

às cinco horas da tarde.

Pelas esquinas grupos de silêncio

às cinco horas da tarde.

E o touro sozinho coração acima!

às cinco horas da tarde.

Quando o suor de neve foi chegando

às cinco horas da tarde,

quando a praça se cobriu de iodo

às cinco horas da tarde,

a morte pôs ovos na ferida

às cinco horas da tarde.

às cinco horas da tarde.

Às cinco horas em ponto da tarde.

(...)

**************************************************


Este poema vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news03/article.php?storyid=763