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"Néon Urbano" de José Figueiredo editado pela Corpos Editora em 2011, é o segundo livro do Escritor Portuense.

Dir-se-ia prelúdio, introdução ou preludium como intersecção de viajantes a cruzarem olhares. Olhares em forma de palavras a ditarem sentenças sem pretensões morais ou de escárnio, ironias da vida como fados vadios em becos apedrejados pelo frio que nos acolhe em noites de multidões de luares abraçados, sem serem nada, a serem apenas palcos iluminados a fraca luz em deteorados edifícios (quase ruínas) edificam memórias como frames gravadas num olhar perdido na névoa de fumo em intervalos de tragos na paz cor tinto sabor acre atroz verdadeiro, sagaz. A vida despida de concepções ilusórias cobre-se de aparentes noites boémias, melancolias à solta, sorrisos que se tocam, momentâneos e passageiros como vagabundos loucos que somos, meros punhos fechados de abraços a vaguear. "Acaba de surgir a manhã, E com ela, nada de real." Como descreve José Figueiredo.

As ruas, a noite, o encanto dos vícios prostituídos, o mistério que a cidade do Porto exerce sobre o olhar atento do poeta, estão sem dúvida presentes de uma forma tão cruel e romântica no livro “Trago Poético” de José Figueiredo.
A bebida fiel companheira da solidão de cada verso, as pessoas como fonte de inspiração e crítica social, uma certa violência na escrita das palavras, uma utópica revolta, iluminada pelo néon num bar de jazz.
O amor falhado e o sexo entre muitas outras realidades e sentimentos, podem ser encontrados nesta obra pelo leitor.

Espera

Há espera do comboio,
Que me leva onde quero estar.
Mais uma vez sozinho, a pensar,
Enquanto não chega a hora.

Tentando alcançar a razão de algo irracional,
Onde só a demência consegue compreender.

Vários rostos eu vejo,
E nenhum nada me diz.
Vazios de expressão,
Fantasmas no tempo sem reacção.

Miséria de vida onde todos sofrem,
Almas perdidas numa época triste.