XII Luso-Concurso - (N)a escuridão da noite
Categoria : Regras dos concursos
Publicado por Luso-Poemas em 14-Aug-2008 23:00
Resultados

Poesia:

Os dez preferidos foram:

Ruas De Escuro São /CarlosTeixeiraLuis
O interruptor /JoséSilveira
Na escuridão da Noite (11) /silviaraujomotta
Na escuridão da noite, tudo passa! /cirodiverbena
Escuridão da noite... Escuridão do dia /Alberto da Fonseca
Na escuridão da noite a Imagem de Nossa Senhora de Fátima /Fhatima
Aguardo-te na escuridão da noite /Carolina
Noite amiga /ImprovávelPoeta
Passos do meu passado /Cláudia_Guerreiro
Clareia /DianaBallis


O grande vencedor do XII Luso-Concurso na modalidade de poesia é o autor Carlos Teixeira Luis, registado no Luso-Poemas em 02/06/2008, com o texto:

Ruas De Escuro São

Na rua 27, após subir dois lances de escada,
Gasta e suja,
No Nº3, segundo andar,
Dona Clotilde aquece o comer
E em poucas garfadas,
Come em silêncio.
No quarteirão seguinte,
Um pouco mais tarde,
Josefo despede-se dos amigos
E sai do bar,
Na rua aperta o casaco
E desce a rua principal,
Estica um braço
Mas o táxi não pára
E olha para o cimo,
Esperançoso.
No prédio de gaveto,
Na água-furtada, Maria
Sai de cima de Zé,
A transpirar,
Beija-o e olha as sombras
Pela janela,
Zé sorri e diz que a ama.
Um rádio qualquer no andar de baixo,
Toca uma melodia de realejo e piano,
Uma voz rouca canta amarguras
Em inglês, alguém mexe-se numa
Cama de casal,
Dois vultos debaixo de um edredão.
Um táxi trava,
Pouco antes da curva,
Um chiar
E depois acelera
Ao subir a rua.
Uma mulher jovem de mini-saia
Tenta acender um cigarro,
Dando voltas sobre si mesmo,
Contrariando o vento.
A lua sorri, só
Como de costume.
Há ângulos em que se vê o rio.
Que horas serão?

CarlosTeixeiraLuis

Prosa:

Os dez preferidos foram:

Passos no Escuro da Noite /CarlosTeixeiraLuis
A noite habita o meu peito /Margarete
N(a) escuridão da Noite (10) /Paulo Afonso Ramos
O Mundo é o Palco dos Tolos /Alemtagus
Tu e a escuridão da noite /VonyFerreira
O negro da noite /Liliana Maciel
Serei eu ou apenas ela? /Quidam
Eclipse /Noite
Momento /Vera Silva
Rastos da Alma /Ibernise


O grande vencedor do XII Luso-Concurso na modalidade de prosa é o autor Carlos Teixeira Luis, registado no Luso-Poemas em 02/06/2008, com o texto:

Conto: Passos no escuro da noite

Regresso a casa. Regresso a casa e é noite. A noite abraça-me e absorve-me. Atravesso a avenida, sem ninguém. Pelo passeio observo as fachadas dos prédios, com vida lá dentro.
E se eu fosse anjo e passasse pelas paredes. Observaria o quotidiano de cada um. As suas tarefas, sem que eles soubessem. Seria injusto para os mortais, serem observados sem saberem. Mas não é o que os anjos fazem? Observarem-nos? Sei lá.
O certo é que daqui, vê-se algumas janelas. Algumas varandas. Muitas destas pessoas deixam os estores levantados. Querem lá saber o mundo exterior aos seus mundos. O mundo da escuridão, onde eu passo. As ruas sujas e perigosas. Estão protegidas, estão nos seus castelos. E eu aqui, de pescoço voltado para cima, para o lado, a observar.
E os outros, que não se vêem? Os que se escondem e que o mundo não deseja ver? Seria bom que também tivessem os seus castelos, as suas muralhas de conforto. Penso neles. Nos miseráveis, nos doentes, nos envergonhados que o escuro da noite esconde. No escuro, olhos brilham de medo da luz. São milhares de medos com carne, nervos, ossos e pensamentos que a grande cidade tapa. Na escuridão da noite.
Atravesso uma rua pequena com bancos de jardim e árvores de copa alta. A minha rua. Assim que chegamos à nossa rua, há uma confortante sensação de alívio. Nada nos pode acontecer, estamos na nossa rua. Tiro as chaves do bolso e entro no prédio. A minha mão apalpa a parede, para encontrar o interruptor. Lá está ele, mas não acende o universo. Sem luz.
Assusto-me. Dois olhos brilham no escuro, perto da escada.
A voz mais cavernosa que já ouvi, disse-me:
- Não me conheces, mas sei quem tu és. Neste momento só quero um pouco da tua atenção.
Quem és e o que queres, não saiu da minha boca.
A voz contou-me que num dia distante, ele tinha sido quem o assaltara num autocarro movimentado. Havia ficado com a minha carteira. Relembrei mas não disse nada. Havia gasto o pouco dinheiro, mas vinha dar-lhe o que não lhe pertencia.
Esticou-me o braço. A minha velha carteira. Não lhe vi o rosto.
A voz embargada, pede-me desculpa.
- E isto também é teu.
Esticou-me uma pequena fotografia.
Olhei a fotografia de meu filho mais velho, tirada num hospital, quando recuperava dum atropelamento e fuga. Entre a vida e a morte. Três longos meses de tortura. Hoje um homem novo.
Mas isto foi há quinze anos, interpelei. Porquê? A pergunta que todo o meu corpo gelado já havia perguntado.
- Fui eu que o atropelei…
Gelei mais ainda.
- Visitei-o no hospital, vezes sem conta, após todos saírem. Nunca tive coragem de o interpelar. Como explicar que queria devolver a carteira no dia em que atropelei o seu filho? Vejo-o de vez em quando, à noite, quando regressa a casa. E foi hoje o dia. Lamento tudo. Lamento!
Dir-se-ia chorar. Queria ver a cara dele. Esticou-me a fotografia e uma lâmpada. Enquanto olho a foto, sinto um empurrão e um vulto corre pela rua. Deixo-o de o ver.
Sento-me nos primeiros degraus da escada, na escuridão.
Sinto-me gelado, tonto e um estranho nó na garganta.
Pensamentos atrozes assolam-me.
Oh, escuridão! Dissolve-me a alma em sombras de gelo e nevoeiro!

CarlosTeixeiraLuis

Disposições Gerais

O concurso terá o seu início a 15 de Agosto de 2008 pelas 00:00 horas GMT e encerra às 23:59 horas GMT do dia 30 de Agosto de 2008, sendo que o link para envio das contribuições se encontra no fim deste artigo e apenas deverá ser usado após leitura e aceitação das regras abaixo descritas.

Como o próprio nome indica, estarão a concurso textos subordinados ao tema “(N)a escuridão da noite”.

A participação neste concurso pressupõe que os autores participantes aceitem que o seu texto seja publicado no âmbito deste projecto, se este for um dos seleccionados.


Regras do XII Concurso do Luso-Poemas “N(a) Escuridão da Noite”:

Condições gerais do concurso:

1. As modalidades a concurso são prosa e poesia, sendo as regras iguais para as duas.

2. Os textos serão sujeitos a aprovação organização nos seguintes termos:
2.1. Os textos participantes serão sujeitos à aprovação dos supervisores (Godi, Pedra Filosofal e Valdevinoxis) deste concurso.
2.2. Todos os textos serão publicados, no mesmo dia, de forma anónima. Até serem publicados os resultados, o conhecimento da identificação dos autores ficará reservada aos elementos que forem supervisores do concurso, ficando estes inibidos de participar no concurso, quer com textos quer na votação.
2.3. Cada concorrente poderá enviar, no máximo, dois textos, um em cada modalidade.
2.4. Só podem concorrer autores que se encontrem registados no Luso-poemas e cuja data de registo seja anterior à data de publicação deste concurso, com excepção, apenas e só, dos supervisores do concurso.
2.5. Serão excluídos textos que:
2.5.1. Possam conter conteúdos considerados ofensivos.
2.5.2. Possam conter conteúdos considerados xenófobos.
2.5.3. Que violem o respeito pelos direitos de autor.
2.5.4. Não se enquadrem no contexto do concurso.
2.5.5. Sejam apresentados em LETRAS MAIÚSCULAS.
2.5.6. Tenham o formato e/ou a cor da letra alterados.
2.5.7. Contenham graves erros ortográficos ou de sintaxe (verificação feita pelos supervisores do concurso).

3. Identificação dos textos:
3.1. Os textos só serão identificados depois de publicados os resultados da votação.
3.2. Não será permitida qualquer identificação dos textos pelos autores durante o período de duração do concurso. A violação desta regra implica a retirada do(s) textos correspondentes do espaço reservado ao evento.
3.3. Caso sejam enviados textos com títulos iguais, os supervisores do concurso procederão à diferenciação os textos no momento da votação.

4. Sistema de votação:
4.1. A votação para escolha dos textos preferidos ocorrerá no período entre as 0:00 h do dia 1 de Setembro e as 0:00 do dia 15 do mesmo mês (hora GMT).
4.2. É obrigatória a votação dos participantes sob pena de exclusão do concurso.
4.3. A votação é feita através da escolha de 10 (dez) textos, escalonados por ordem crescente (do preferido até ao menos preferido, ou seja, atribuindo 1 ao texto preferido e 10 ao texto menos preferido), devendo ainda ser separadas por prosa e poesia.
4.4. Cada votante assinará a sua escolha e fará o envio da mesma por PM (mensagem privada) dirigida ao utilizador Luso-Poemas. Por favor tenha em atenção que apenas serão consideradas as PMs dirigidas para este utilizador.
4.5. O resultado final da votação será publicado no dia 20 de Setembro.
4.6. Todas as escolhas de cada um dos votantes estarão disponíveis (se solicitadas) com a devida identificação.
4.7. Desta votação poderá participar qualquer elemento registado no Luso-Poemas.net, com excepção dos supervisores do concurso, em iguais condições de valor.
4.8. Os participantes do concurso não poderão votar no(s) seu(s) próprio(s) texto(s). Se o fizerem, da sua escolha será removido esse voto e serão contabilizados apenas os outros nove.
4.9. Não será dada, ou publicada, qualquer pontuação ou quantificação relativa aos textos apresentados.
4.10. Caso haja menos de 10 textos a votação, os luso-poetas são convidados a votar em todos os que forem propostos, respeitando as exclusões acima referidas.

5. Os cinco textos mais votados lidos no programa de rádio, “a escuridão na noite”, sendo que o(s) autor(es) serão, na medida do possível, entrevistados em directo.

6. O autor do texto vencedor terá uma menção permanente no seu perfil assinalando a distinção.

7. O Luso-Poemas.net reserva-se no direito de atribuir eventuais prémios suplementares, assim como de não atribuir prémio algum.

8. A supervisão do concurso reserva o direito de deliberar sobre todas as situações omissas neste regulamento.

9. A participação no concurso não dispensa a leitura e aceitação das condições acima expostas.

* Não esquecer de seleccionar a identificação do concurso no acto de publicação - 12º Concurso Literário – “N(a) Escuridão da noite

Para participar use o seguinte link:
http://www.luso-poemas.net/modules/concursos_literarios/submit.php

Correcção ao ponto 2.3.: onde se lê " Cada concorrente poderá enviar, no máximo, dois textos, um em cada modalidade." deve-se ler " Cada concorrente poderá enviar, no máximo, dois textos inéditos, um em cada modalidade."