Julho 07 - Gilberto
Categoria : Luso do mês
Publicado por Valdevinoxis em 10-Aug-2007 21:30
Luso-Poemas - O Gilberto é o Luso do mês. Quem é o Gilberto?
Gilberto - Quem sou eu! Sou Mário Margaride, desenhador de artigos decorativos.

L.P. - Como é que o Gilberto encaixa no Mário? Há um paralelo ou uma cumplicidade entre os dois?
G. - É simples: São a mesma pessoa. Porquê? Porque o meu nome completo é Mário Gilberto Fernandes Margaride. Não é nenhum pseudónimo. Nenhum personagem por mim criado.

L.P. - Os seus textos mostram uma pessoa com sentimentos profundos. Conseguimos vê-lo neles? Revê-se neles?
G. - Sim, reflectem o meu estado emocional a minha forma de ser, e sentir.

L.P. - Disse à pouco que estava aposentado. Presumo que tenha tido uma vida cheia. Escreve desde à muito tempo?
G. - Bom, escrevo já há muitos anos, talvez trinta, mas com frequência há cerca de três. Inclusivé artigos de opinião nas páginas do leitor, em jornais como o JN e o Destak, onde também publico poesia.

L.P. - E já com livro...
G. - O livro apareceu por mero acaso. Nunca tinha pensado em publicar. Embora no meu imaginário, sempre pairou essa possibilidade. Então surgiu esta oportunidade, e aconteceu.

L.P. - É sempre realização pessoal, uma espécie de auge.
G. - Sim, é isso. Este livro “O ECO DAS PALAVRAS”, surge num momento ideal. Numa altura, em que atravessava um momento de transformação da minha vida em termos profissionais. Pois como atrás já dissera, estou neste momento aposentado. Escrever sempre foi para mim uma forma de expressar os meus sentimentos, a minha sensibilidade. E este livro retrata exactamente essa realidade.

L.P. - E opiniões, presumo.
G. - Sim. Sempre fui uma pessoa de frontalidade e espirito combativo.

L.P. - Em relação ao Luso. O Gilberto registou-se em Abril deste ano e foi logo um sucesso. Está entre os 15 mais lidos do site. O que é que se sente uma pessoa que tem nível de aceitação?
G. - Nunca tive essa pretensão, de ser muito ou pouco popular, se aconteceu, foi apenas fruto do acaso. Mas naturalmente que nos faz sentir bem, como é óbvio.

L.P. - E a assinatura de rodapé titulada de "Textura"? Tem algum significado especial? É dirigida?
G. - Não propriamente. É apenas como vejo e sinto o corpo da mulher.

L.P. - Permita-me o elogio, é bastante bem "desenhada"
G. - Obrigado.

L.P. - Tem um texto que salta à atenção: "NÃO ME ANALISEM". Cheira a revolta...
G. - Exacto. Foi escrito num contexto muito especial. Eu faço parte de um blog colectivo "a voz do povo". É um blog de intervenção social, onde também faz parte a Conceição Bernardino. E como homem de esquerda que sou, senti-me um pouco "afrontado" nas minhas convicções, e pontos de vista, e daí surgiu esse "Não me analisem".

L.P. - Sente-se o texto e um certo travo na garganta do poeta.
G. - É verdade. É que esse blog tinha e hoje tem, pessoas de outros quadrantes ideológicos. Que de vez em quando entravamos em pequenas guerras internas, entendes?

L.P. - E havia o conflito...
G. - Exactamente! E isto foi uma espécie de grito de revolta.

L.P. - Falando um pouco do Gilberto no Luso. O que é que o levou a registar-se no site?
G. - Curiosamente, foi a nossa amiga jojo, que gostava de ler-me no “escrita criativa”, que me incentivou, foi apenas e só isso. Já tinha sido sugerido por outras amigas como por exemplo, a lucibei, e a Conceição B, mas não tinha ainda decidido, e foi dessa vez.

L.P. - E o Luso agradece. Se tivesse que alterar algo a este site, o que seria?
G. - Sinceramente, acho o site muito bem construído. Assim à primeira vista, acho que não alteraria nada.

L.P. - Se tivesse que lhe pedir um texto favorito, entre os seus, escolhia algum?
G. - Sim. Um que me marcou muito. "Páginas"

L.P. - Um poema de vida em:
http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=6124
G. - É verdade. Foi escrito num contexto muito difícil da minha vida. Tinha acabado uma relação que me deixou muito abalado. Foi um texto muito difícil de escrever para mim, e por isso me marcou muito.

L.P. - O texto tem passagens pesadas em termos de sentimento. Mas deixa acesa uma luz de esperança
G. - Claro. A esperança é sempre a última coisa a morrer. A vida continua, para lá da dor e do sofrimento. Essa foi sempre a minha filosofia de vida.

L.P. - Tenho a mesma filosofia. No Universo da escrita tem algum autor de referência?
G. -Tenho um que gosto muito de ler, Pablo Neruda... e também Florbela Espanca. São meus favoritos. Dois “monstros” sagrados da poesia.

L.P. - Em jeito de final, vou-lhe pedir que deixe uma mensagem aos que o lêem e aos leitores do Luso, em geral.
G. - Com todo o gosto. Para todos os meus leitores, amigos, e companheiros, deste maravilhoso espaço poético. Deixo-vos uma mensagem muito singela. Continuem a escrever e a deliciarem-nos, com os vossos maravilhosos textos. E quero agradecer-vos, sempre me terem acarinhado, com os vossos generosos comentários. Sem a vossa colaboração e amizade, nunca seria eleito o colaborador do mês. Tentarei não vos desiludir, e continuarei a escrever como sempre o fiz até hoje, com o coração. Um muito obrigado, por serem meus amigos.

Um grande abraço a todos!

Bem hajam!