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Sobre "Ao Povo do Mundo", de Fernando Morais
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Sobre "Ao Povo do Mundo", de Fernando Morais
(publicado a 14.11.2013, em www.euxz.blogspot.com)


Em 2010, sob chancela da editora conimbricense Temas Originais, surge a obra “Ao Povo do Mundo”, da autoria de Fernando Morais, poeta e tradutor, com vasta obra editada.

Este livro abre com chave de ouro. Um verso, aparentemente simples, aliás um heptassílabo, bem ao jeito do que toca a alma do povo, o que trabalha e canta o trabalho, o que sofre e canta o sofrimento, o que sorri e canta o sorriso.

Diz o poeta nesse verso inaugural, e cito:

“Hoje estou aberto ao mundo.” (1)

Apetece-me dizer o sinal ortográfico, ponto final.

De facto, este volume traz-nos, não direi a tal catarse anunciada em prefácio assinado por João Arezes, que a vida do homem que está por trás do autor não conheço para além da sinopse que consta na contracapa, mas sinto que este livro é uma janela, um miradouro onde habita um sonho.

Como escreveu John Lennon:

“Tu podes dizer que eu sou um sonhador
Mas eu não sou o único
Espero que um dia te juntes a nós
E o mundo será só um” (2)

Este “Ao Povo do Mundo” apresenta-se, pelo menos a mim, como a tal janela, uma verdadeira janela onde o que diz e o que toma posse do que se diz, trocam amiúde a posição de observação do mundo, possibilidade essa que só a autêntica poesia, como meio de comunicação do conhecimento, capaz de nos aproximar da real face de todas as coisas, pode, de facto, efectuar.

Há, portanto, neste poemário osmose, mas, também, simbiose. Comunhão plena de princípios, mas, sobretudo, quase diria de enxadas com que se vão cavando a terra para o repouso da semente e para a colheita do fruto.

O poeta e o leitor viajam por entre olhares, não olhando, mas vendo o que há a ver. Como exemplo, três instantes onde esse olhar se demora: d’”A Terceira Idade” onde, e cito:

“Um velho está curvado
sua cabeça pende para o chão
e quando caminha, os seus ossos rangem;” (3)

passando pelo único título não maiusculado deste livro, e que significado a este atributo se pode dar, “Aldeias que já não há / mentalidades que ainda temos...”, onde se pode ler:

“Já não há aldeias destas
onde quem manda é mandado
e quem sofre leva um prémio
pelos sábados de sol e sombra” (4)

até à viagem, ela própria, melhor: “Viagens” onde, refere o poeta, ou será o leitor?:

“não me perdi nem me achei
(...)
sentei-me lá no alto
satisfeito do que vi” (5)

concluindo:

“(...) só vi montes...” (6)

Esta é a perfeita definição do que é palpável, do horizonte, mas, e talvez sobretudo, do que há para além do horizonte, aquilo que está para lá do mero observável, repito:

“sentei-me lá no alto
satisfeito do que vi”. (7)

Trata-se, a meu ver, de um tratado este “Ao Povo do Mundo”, que nasce exactamente sob epígrafe de Neruda, aquele que escrevia para o povo, mesmo que este não o entendesse, para nos desvelar o mundo íntimo e exterior, consoante o ensejo de quem o desbravar.

Talvez viagem de vida, a própria, mas essencialmente a construção de uma visão do mundo que, tal como diz o poeta, e é fundamental seguir esta lição:

“Quando os meus pés estão magoados
eu desço à realidade” (8)

porque, tal como afirma Fernando Morais,

“gosto tanto dos meus pés, cansados, quanto gosto do real” (9)

Escuto aqui Antonio Machado com o seu conhecido verso

“se hace camino al andar”. (10)

E esta obra faz-se exactamente assim: caminhando e observando cada metáfora como única.

NOTAS:
(1) MORAIS, Fernando - Ao Povo do Mundo, Temas Originais. Coimbra. 2010. P. 11.
(2) LENNON, John - Canções (1968-1980), Centelha. Coimbra. P. 65.
(3) MORAIS, Fernando - Ob. Cit. P. 20.
(4) MORAIS, Fernando - Ob. Cit. P. 29.
(5) MORAIS, Fernando - Ob. Cit. P. 73.
(6) MORAIS, Fernando - Ob. Cit. P. 73.
(7) MORAIS, Fernando - Ob. Cit. P. 73.
(8) MORAIS, Fernando - Ob. Cit. P. 51.
(9) MORAIS, Fernando - Ob. Cit. P. 51.
(10) MACHADO, Antonio - In "Poemas del alma", http://www.poemas-del-alma.com/antoni ... inante-no-hay-caminho.htm (último acesso a 27.09.2013).

Criado em: 15/11/2013 9:16
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Sobre "Aprendiz de Poeta", de Emanuel Lomelino
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Sobre "Aprendiz de Poeta", de Emanuel Lomelino
(Publicado a 01.11.2013, em www.euxz.blogspot.com)



Seguindo a lição utilizada no seu primeiro livro, o poema iniciador da obra titula-a, isto é: ao “Amador do Verso”, onde se lê, e cito:

“a poesia não traio, sempre lhe fui fiel
palavra de aprendiz de poeta”(1)

curiosa esta referência, aprendiz de poeta, adiante,

sucede este “Aprendiz de Poeta”, obra editada, tal como a anterior, em 2010, pela Temas Originais, que, considero um pulo bem acentuado no que o Emanuel Lomelino faz chegar ao leitor sob a forma do livro. São dois, à data em que escrevo, bem sei, mas é, na minha opinião, algo a considerar.

Digo-o porque, no seu primeiro livro, notava-se já a verdadeira semente de toda a escritura, isto é: a leitura; mas, também, já era notória uma demanda de um registro próprio.

Existia o amador, o que ama a coisa, mas que desta não se afastava o suficiente para colher a essência da sua própria respiração. O acto amatório muitas vezes provoca uma proximidade que, quase diria, sufoca, mesmo que essa sensação possa eventualmente ser até agradável.

No entanto, nesta sua nova obra, “Aprendiz de Poeta”, há uma novidade, um registro, de facto, próprio, autêntico, verdadeiro, porque do próprio autor, que sabe, porque desta toma, não sensível, mas conscientemente, que é a leitura a geradora da obra a ser.

Desta forma, não será de admirar que continue a escutar, como mero exemplo, António Franco Alexandre, sobretudo o de “Moradas”, de uma forma mais abrangente, ou de Ruy Belo pela forma coloquial com que amiúde contamina o seu fazer poético.

Mas não encontro aqui o que afirma o próprio poeta, e cito:

“poeta imaturo”(2);

a não ser que este imaturo signifique, e aí concordo, como aquele que sempre encontra na coisa o catalisador do próprio espanto e, por isso, se sente sempre perante a novidade, e, assim, matura constantemente essa mesma coisa com o intuito de obter desta a maior valoração possível.

Aí ambos, melhor, todos os que escrevem estão, como se soía dizer, no mesmo barco, navegando, tal como afirma Emanuel Lomelino,

“um rio
(...) agarrado às suas crinas”(3),

imagem esta de força vital porque nos traz uma espécie de serena liberdade.

Um detalhe relevante, que já era também vislumbrável na sua primeira obra, é, tal como indiciam os ecos poéticos acima referidos, sobretudo Ruy Belo, o alongar do verso, quase sempre superior ao decassílabo.

Neste “Aprendiz de Poeta” há a aproximação ao apuro técnico de construção deste género de mesura vérsica, onde a cesura se encontra cada vez mais no local devido, ou não fosse aprendiz, aquele que inicia o processo de recolha e interiorização dos rudimentos do seu ofício, no âmago do que escreve, melhor do que diz.

Trata-se portanto, na minha opinião, já não só da tal procura de registro pessoal, que antes referi, mas de uma demanda para que esse mesmo registro seja cada vez mais construído de forma a que chegue ao outro com uma maior eficácia ou, como refere o poeta, que nisto o poeta é que sabe, e pode clarificar:

“Escrevo por não poder falar
Todas as palavras que quero” (4)

Isto é, tendo consciência de que o acto poético é essencialmente fala, voz, e sobretudo canto, assume-se aqui como o tal aprendiz.

É, sem dúvida, um título que assenta, tal como refere o povo, como uma luva.

Numa abordagem ligeira a esta obra, muito provavelmente, dir-se-á: essencialmente lírica. Se é um facto que o Eu está, quase direi, omnipresente, também é verdade que esse Eu, por vezes, muitas vezes, se vê, como se se projectasse no mundo e representasse um outro papel, ou, mais concretamente, um papel outro, um papel produzido pela imaginação, ou seja, transfigurando o Eu lírico num Tu dramático, que leva o poeta a dizer:

“Por vezes nem eu me reconheço
(...)
Afasto-me do mundo conhecido”(5)

Mas a questão fulcral é a seguinte: que papel procura desempenhar o aprendiz, por que demanda entre palavras fundadas no Eu, mas que é o Eu Outro que se revela em cada verso?

Bom, para que não seja suspeito, citarei Vitorino Nemésio quando este escreve:

“Como em toda a actividade, é difícil surpreender exactamente o grau de expressão em que a categoria do poético desfalece ou está ausente sem que desapareçam os requisitos formais da arte poética em acção. Sobre o que define o poético, frente ao metafísico, estamos todavia mais seguros. Se o pensamento filosófico apreende a realidade na relação do juízo, o que se possa chamar de pensamento poético indica-a ou mostra-a pela mediação de uma realidade segunda, substitutiva ou simbólica, que a razão não traduz absolutamente nos seus termos, mas que verbalmente é dada com a plenitude da intuição.” (6)

É neste plano que leio esta obra e, sobretudo, o futuro da obra do Emanuel Lomelino. Ou não fosse, e cito o poeta:

“A poesia
(...)
A minha tábua de salvação”(7)

E que outra salvação há senão a da reconstrução do nosso próprio mundo, desta feita reconstruída pela via, tal como alude Nemésio, segunda, substitutiva ou simbólica, tal como considero ser regida a escrita de Emanuel Lomelino, antes, agora e sempre, amador do verso, e aprendiz, porque peregrino pelos caminhos da palavra, da poesia.


NOTAS:
(1) LOMELINO, Emanuel - "Amador do Verso", Temas Originais, Coimbra, 2010. P. 7
(2) LOMELINO, Emanuel - "Aprendiz de Poeta", Temas Originais, Coimbra, 2010. P. 9
(3) LOMELINO, Emanuel - Ob. Cit. P. 9
(4) LOMELINO, Emanuel - Ob. Cit. P. 40
(5) LOMELINO, Emanuel - Ob. Cit. P. 66
(6) NEMÉSIO, Vitorino - Poesia Vol. I - 1916-1940, Imprensa Nacional - Casa da Moeda, Lisboa, 2006. P. 120
(7) LOMELINO, Emanuel - Ob. Cit. P. 59

Criado em: 11/11/2013 7:14
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Sobre "Amar em Chão de Mar", de Dalila Moura Baião
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Sobre "Amar em Chão de Mar", de Dalila Moura Baião.
(Publicado a 7 de Novembro de 2013, em www.euxz.blogspot.com)

Um dos grandes críticos e analistas do fenómeno literário, sobretudo da Poesia, na minha perspectiva, Ezra Pound, num dos seus mais conhecidos ensaios, escreveu sobre a arte poética o seguinte, e cito:

“A função mais sublime da arte consiste em preencher a mente com uma profusão de sons e imagens que ordenem a vida intelectual.”(1)

Se a esta lição adicionarmos o que refere T. S. Eliot, quando alude ao jovens autores do seu tempo, e cito:

“demonstram ter aberto um livro de Withman: perceberam a disposição dos versos sobre a página impressa, mas não encontro explicação sobre o que os levou a escrever a maior parte dos poemas em «versos livres» (possivelmente o boato de que o verso havia sido libertado).”(2)

É nesta confluência que situo o que esta obra, “Amar em Chão de Mar”, tem como base para a sua escritura. Nesta, temos a tal profusão de sons, de imagens, mas também temos versos livres, melhor: versos livres, mas na medida exacta.

Embora não exista um padrão ao nível da mesura do verso em si, há, de facto, um padrão ao nível da construção do corpo poético: uma boa parcela dos poemas que enformam esta obra têm como base uma padronização hexamétrica ou heptamétrica.

Tal é fundamental para que o outro, aquele que é não só o destinatário do objecto de arte, mas o verdadeiro detentor desse mesmo objecto, pelo auxílio da componente emotiva, que só a musicalidade, matriz de qualquer poema, desperta, possa aceder, mas aceder de facto ao que, no fundo, lhe pertence.

A poetisa trabalha o seu ofício para que o fruidor da obra possa assistir, e sentir, citando a autora:

“O silêncio encrespado da palavra a brotar”(3)

Repare-se que são dois hexâmetros que constroem este verso de treze sílabas.

E é no silêncio que a palavra brota, mas também é para o silêncio que a palavra, em poema, pretende regressar ou não fossem palavras que, como escreve Dalila,

“sabem amar em chão de mar”(4).

Para além da forma, há a voz, a voz que diz. Sendo certo que o que o poeta diz, qualquer um, pouco me interessa, porque o que me interessa é aquilo que o poeta me diz. E essa é a visão que, também aqui, leio, passo a citar:

“Seres-te assim, o viajante
Que em trépidas caminhadas
Me procura...

(...)

Seres o poema, onde te li
Palavra breve
Sonhada em ti!”(5)

E esta palavra, sonhada em mim, diz-me de afectos. Creio ser essa a quase diria condição essencial para a feitura não só deste seu livro, mas também do seu anterior, “Varandas de Luar”, ou não fosse a arte em si:

“Poesia ancorada no meu coração”(6)

E este é o verdadeiro porto, e estaleiro, para a partida, e construção, do poema. Tal visão não nos é dada de forma fácil, antes pelo contrário. Entra-se na obra e temos um aparente isomorfismo, onze poemas que nos sugerem o formalismo do soneto. Há, no fundo, uma aparente ordem, mas essa ordem vem de onde?, nasce como?

A resposta surge-nos no segundo ciclo, o mais longo do livro, isto é, do caos, também aparente, em formas, ritmos, temas variegados, mas que se interligam como se fossem fotografias de uma vida desordenadas, impressões de instantes.

E a resposta é esta: há que descer até aos alicerces da casa, o terceiro ciclo, para que a poetisa me diga do nascer, da génese da obra.

E que signo mais forte do nascer que a palavra mãe? E que signo mais forte do afecto que a palavra mãe? Que signo mais forte para iniciar a reconstrução, a colocação exacta das peças do puzzle que fomos coleccionando, agora descobertos em retalhos de ternura para que a manta se faça e nos ordene, tal como referia Pound, a vida intelectual.

NOTAS:
(1) POUND, Ezra - "Ensaios", Pergaminho, Lisboa, 1994. P. 46
(2) ELLIOT, T.S. - "Ezra Pound", in POUND, Ezra - "Ensaios", Pergaminho, Lisboa, 1994. P. 26
(3) BAIÃO, Dalila Moura - "Amar em Chão de Mar", Temas Originais, Coimbra, 2010. P. 59
(4) BAIÃO, Dalila Moura - Ob. Cit.. P. 118
(5) BAIÃO, Dalila Moura - Ob. Cit.. P. 56-57
(6) BAIÃO, Dalila Moura - Ob. Cit.. P. 88

Criado em: 11/11/2013 7:05
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Re: Sobre "Dias Incompletos", de Ana Wiesenberger
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Camarada Felipe Mendonça,
É um dos meus hábitos escrever sobre o que vou lendo (desta feita, um dos livros que apresentei).
Grato pela leitura e comentário.
Um abraço
Xavier Zarco

Criado em: 11/11/2013 7:04
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Sobre "Dias Incompletos", de Ana Wiesenberger
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Sobre "Dias Incompletos", de Ana Wiesenberger.
(Publicado a 26.10.2013, em www.euxz.blogspot.com)


No ano de 2011, surgiu “Dias Incompletos”, da autoria de Ana Wiesenberger, poetisa que, se as minhas informações estão actualizadas, à data, publicou, contando com o mencionado, dois volumes de poesia, tendo o segundo por título “Idades”.

Em “Dias Incompletos”, a autora indicia-nos de como soube escutar as coisas que a circundam. Não passou indiferente ao real, transportando-o para dentro do próprio poema, como se o olhar, ele próprio, fosse a mão que escreveu.

No entanto, e apesar da quase direi crueza que a obra parece apresentar, tal conclusão é apressada, só possível, na minha opinião, se se passar pelo livro como se passa amiúde pela vida: sem vontade de ter tempo; sem capacidade de olhar para além do que a paisagem propõe.

Ana Wiesenberger propõe-nos exactamente isso: diz-nos do reflexo no vidro da janela, mas como que nos convida a abrir essa mesma janela e meditarmos sobre o que há para além.

Aproxima-nos do rosto através da amostragem da máscara, daquela com que nós enfrentamos os nossos afazeres quotidianos; essa máscara que, sentindo-a necessária, sempre questionamos da validade dessa mesma sensação.

Talvez exista por aqui, como refere Agostinho da Silva, embora a conclusão que este filósofo português tira seja, a meu ver, perigosa,

“um suplemento de ócio que, excelente em si próprio, porque nos aproxima exactamente daquele contemplar dos lírios e das aves que deve ser nosso ideal”. (1)

E este suplemento, utilizando a palavra do pensador, talvez tenha a capacidade de abrir a porta à possibilidade de enfrentar o mundo com o próprio rosto.

Lê-se logo a abrir o poemário, no poema [Há dias], o seguinte:

“Há dias
Em que não compreendemos
Porque temos de aceitar
Cúmplices
A tortura das trivialidades
A que estamos constantemente expostos” (2)

Depois, o questionar, o procurar a tal necessidade da máscara, concluindo o dito poema com uma estrofe que considero lapidar:

“Há dias
Em que deveríamos pôr de lado
A responsabilidade
O dever
A chatice
De existir” (3)

E o que vem a seguir é exactamente uma amostragem desse existir chato, desse existir longe do que sentimos ser o que somos. Desde:

“As pessoas
(...)
Que esqueceram os sentidos,
Mas estão convencidos
Que vêem,
Que sentem nos dedos e nas glândulas
O pulsar da vida”(4)

Puro engano, digo eu, porque tal como escreve Ana Wiesenberger, nós

“Sentamo-nos
Ajeitamo-nos nas cadeiras
E esperamos pelo fim.”(5)

Em suma: gastamos o tempo sem ter a sensação, já não digo consciência, de que se usufruiu desse mesmo tempo. E tanto assim é que a autora remata o poema intitulado “Urgência” dizendo isto:

“Os que franqueiam a porta de saída
De receitas na mão, vão contentes
Não por estarem sãos
Mas porque já estão livres
De esperar”(6)

É caso para dizer: será toda a vida, toda a nossa existência um tempo de espera? Será que reconfigurámos (ou desfigurámos) o nosso mundo como uma autêntica sala de espera?

Onde reside então a saída, a saída de facto, para esta nossa vidinha? Talvez exista aqui, neste espaço-outro que o poema é capaz de criar. No fundo, a poesia é partilha de conhecimento e eu, tal como a poetisa Ana Wiesenberger,

“Quero trazer a poesia para a rua
Vê-la descalça a pisar
A terra e as pedras
Sem medo de assumir
A sujidade dos dias

Quero poemas com cheiro e ruído”(7)

Porque, tomando agora meu este seu dístico, considero que ainda há tempo para ter tempo, ainda há tempo para viver, ainda há tempo para, quem sabe, convencer

“Deus
A tornar-se um poeta”(8)


NOTAS:
(1) SILVA, Agostinho da – in “Citador”. http://www.citador.pt/textos/a-face-o ... cnicos-agostinho-da-silva (último acesso a 15.10.2013). Com a seguinte referência bibliográfica: “Agostinho da Silva, in “Textos e Ensaios Filosóficos”
(2) WIESENBERGER, Ana – Dias Incompletos, Temas Originais, Coimbra, 2011, P. 7
(3) WIESENBERGER, Ana – Ob. Cit., P. 8
(4) WIESENBERGER, Ana – Ob. Cit., P. 10
(5) WIESENBERGER, Ana – Ob. Cit., P. 12
(6) WIESENBERGER, Ana – Ob. Cit., P. 14
(7) WIESENBERGER, Ana – Ob. Cit., P. 19
(8) WIESENBERGER, Ana – Ob. Cit., P. 20

Criado em: 31/10/2013 7:11
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Sobre "Onde os pássaros fazem silêncios", de Lita Lisboa
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Sobre "Onde os pássaros fazem silêncios", de Lita Lisboa
(publicado a 19.10.2013 em www.euxz.blogspot.com)


Numa altura em que o ofício poético, a edição de poesia, a divulgação, a própria distribuição digna desse nome deste género literário se constitui à maneira de um autêntico gueto, de uma espécie de raça de aves raras, e este rara sequer com o valor de precioso, mas de algo de estranho, alienígena, fora deste mundo dito, ou tido, como realidade, é bom, reconfortante encontrar alguém assim no nosso caminho.

E digo isto porque muito provavelmente, tal como escreveu António Rebordão Navarro no seu “27 Poemas”, se um destes dias a Lita Lisboa for apanhada na Rua da Sofia, na cidade de Coimbra, considerará também como insulto o termo: poetisa.

E porquê? Porque Lita Lisboa vai, procura, divulga, não só o que a ela mesmo diz respeito, mas a tudo, ou quase, que lhe vem parar às mãos. Não se submete a esse processo do sorriso, da palmadinha das costas, processos geralmente vazios de conteúdo, falsos, com o único propósito de ficar bem aquando da passagem da câmara fotográfica, antes promove valores de frontalidade, de, no fundo, amizade pura, bem como não se remete ao silêncio ou a ouvir uma única versão, antes procura saber do outro lado da questão.

Ou seja: antes de tudo, é pessoa. Depois, sim, depois tudo o que os seus passos souberam conquistar. Porque, e cito a poetisa:

“O clarão cega,
adormece os sentidos”. (1)

Estes valores, este estado de ser e estar, estavam bem patentes na sua primeira obra, mas esta supera-a, na medida em que há um criar de distância, um observar sobre, não um observar dentro, tal como ocorre em “Fragmentos de mim”. Permite-lhe ver o tal claramente visto camoneano. Nas suas palavras:

“vejo a noite chegar em pleno dia
A vida despida e sem graça,
E já nem o luar, tem poesia.” (2)

Repare-se nesta breve citação a inclusão gráfica de um sinal de pausa subvertendo a regra.

Tal reposicionamento no seu acto de escritura permite-lhe obter impressões não contaminadas pelo que a envolve, antes lhe dá a capacidade de melhor obter os ecos do mundo, depurá-los ao seu próprio ritmo e, assim, pelas necessárias palavras, construir o seu poema, no fundo,

“Apanhar
o sol que nos enxuga as lágrimas...” (3)

E só a distância nos permite retirar o excesso das impressões primeiras.

Quem escutar Lita Lisboa a ler um poema alheio verificará que o ritmo que imprime à leitura, não é de facto o ritmo gráfico ou ortográfico de quem o escreveu. A Lita cria pausas, adapta, obriga o poema a tornar-se de facto seu. Quem escreve sabe que só vale de facto a pena partilhar, porque de um acto de partilha se trata, o que se cria se, do outro lado, alguém tomar posse, isto é: não se tornar indiferente o que se produziu.

E estes factores tornam a sua cadência cada vez mais autónoma, mais própria, fruto da leitura, também da contaminação pelo outro, faz com que os seus poemas adquiram uma mais valia: a da autenticidade.

E é essa autenticidade que me cativa no que a Lita Lisboa escreve, melhor: ao que eu escuto quando a leio.

Se há por um lado, uma espécie de grito, de alerta, de chamada de atenção a esta nova forma de encarar o mundo, de estar com o outro, por outro há uma construção rítmica que nos diz da necessidade de ponderação. Raro é o poema onde se sente a necessidade de acelerar a leitura. Citando.

“Do esplendor da natureza,
colho tudo o que o olhar vê
e construo teias de trinados.” (4)

Lita Lisboa convida-nos através dos seus poemas para a ágora, coisa bem fora de moda nos dias monocórdicos que correm, para o debate franco, honesto, sem rodeios.

Há neste seu novo título uma busca de uma escritura mais cristalina, talvez a procura do traço que a sua outra vertente artística, a pintura, nos traz: aquele instante ofertado pela paisagem, aquela luz que desenha a silhueta, em suma: a sugestividade pelo real configurada naquele instante que nos coube em sorte viver.

Creio que a escrita lhe dá o tal sonho, o tal objectivo indiciado em título. Aquele que só quem desenha o voo é capaz de saber que o seu limite é para além do limite que lhe é imposto socialmente e tem a veleidade, sim, porque de veleidade, de ousadia se trata, e é capaz, não direi de tocar, que, tal como nos ensinou Antonio Machado, não há caminho, o caminho faz-se caminhando, mas de o sentir, de o saber próximo, provável e constantemente próximo, e isso é relevante: é sinal que há futuro.

“Onde os pássaros fazem silêncios” diz-nos exactamente dessa dimensão, do meramente humano, na medida em que o humano deve ter em conta um único valor: o valor do ser.

Para concluir: à poetisa direi somente isto, não há duas sem três, mas que o terceiro se mantenha fiel, fora das regras do cânone, mas dentro das regras da sua voz.


NOTAS:
(1) LISBOA, Lita - "Onde os pássaros fazem silêncios", Temas Originais, Coimbra, 2011. P. 25
(2) LISBOA, Lita - Ob. Cit., P. 24
(3) LISBOA, Lita - Ob. Cit., P. 52
(4) LISBOA, Lita - Ob. Cit., P. 42

Criado em: 21/10/2013 20:15
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Sobre “Ódio”, de Abílio Brito
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Sobre “Ódio”, de Abílio Brito
(Publicado a 13.10.2013 em www.euxz.blogspot.com)


Foi uma agradável surpresa a descoberta desta obra de Abílio Brito, quase direi que se tratou, por múltiplos factores, alguns de índole estritamente do foro pessoal, de uma vera lufada de ar fresco.

Trata-se de um corpo poético que se estrutura de forma singular, como se nos dissesse sobre estética, sobre a própria visão de estética do autor.

Este livro começa com “Arte contra deus” e termina com “Beleza”. Se tivermos presente que o fim último da estética é o Belo, e é através da arte que tal se pode alcançar, deverá aqui, entre estes dois momentos, existir uma via e inclusive indícios que sustentem e ergam a tal visão de estética que antes referi.

Se repararmos nos ciclos constitutivos desta obra, temos, de facto, essa via. É através dos “Escombros”, título do primeiro ciclo, do caos, da desordem que se colhem as pedras essenciais para a construção do edifício.

No entanto, algo ou alguém tem de colher essas mesmas pedras. Quem o faz é anunciado no segundo e terceiro ciclos deste volume: “Carne viva” e “Ossos”; isto é: o homem; esse ser quantas vezes referido como ser de carne e osso.

E o homem, neste caso o poeta, assume o que procura, a harmonia, ou seja, tal como titula o derradeiro ciclo: o “Amor”; esse valor supremo da humanidade.

No fundo, estamos perante um autor que segue, a meu ver, a lição de Pablo Neruda quando este afirma que, e cito:

“A poesia tem comunicação secreta com o sofrimento do Homem.” (1)

Digo isto porque, para quem lê, é indiferente o que o autor de facto quer dizer, mas relevante o que o autor lhe diz.

Talvez por isso encontre aqui a justificação para o título: “Ódio”; antónimo de amor.

O poeta diz-me da sua visão do mundo, do seu princípio estético para o surgir ou o alcançar do Belo.

Sei-o, porque o diz, e cito:

“Não escrevo para que me compreendam
Escrevo para ser imortal.” (2)

E é nessa vontade ou desígnio de imortalidade, que este rasura o seu poema, não agarrado a este tempo, mas ao Tempo. Ao Tempo onde a própria Humanidade amarrou a sua História, porque sendo hoje certamente outros os protagonistas, outros os desafios, radicalmente as questões são as mesmas: senhor e servo; como subjugar e como deixar de ser subjugado.

Abílio Brito, numa linguagem precisa, plena de contemporaneidade, dá-nos não só o retrato, pela sua visão, naturalmente, dos dias que nos regem, mas, também, dos outros dias, daqueles que habitam a nossa herança, não só a que herdámos, mas a que legaremos. Volto a citar:

“Conheço-vos bem

Vós, tão somente querendo ganhar a vida
Eu, tão como uma puta aspirando à respeitabilidade
Isto é, a ser lido nas escolas” (3)

Se, aparentemente, nos surgem as questões quotidianas como força motriz do poema, mais força têm estas como sinais evidentes de um programa poético que preconiza valores, valores que transcendem a barreira do Tempo, valores próprios da Humanidade os quais, daí a atenção do poeta, estão cada vez mais sob a forma de uma ténue silhueta, quase diria miragem, nos nossos dias, nesta civilização onde os mercados mandam, onde o capital cego e anónimo domina.

Há, portanto, necessidade, imperiosa necessidade do poeta surgir e afirmar em plena ágora a memória que é e, sobretudo, a memória que deverá ser.

Caso contrário, tal como Abílio Brito escreve no último poema, chegaremos à conclusão de que, e cito:

“Há quem chame beleza a isto

(...)

Beleza?!


Filhos da puta!” (4)


No fundo, o grande desafio não é no plano da decifração estética, mas num plano de acção de índole ética, onde é essencial, citando o poeta:

“Unir os contrários
Atingir o ponto que faz nascer a vida e a obra” (5)

Ou seja: descobrir, de facto, esse monumento essencial que é o amor.

NOTAS:
(1) NERUDA, Pablo – in “Citador”. http://www.citador.pt/frases/a-poesia ... rimento-pablo-neruda-6892 (último acesso a 07.09.2013).
(2) BRITO, Abílio – Ódio. Temas Originais, 2010. P. 61.
(3) BRITO, Abílio – Ob. Cit. P. 32.
(4) BRITO, Abílio – Ob. Cit. P. 65.
(5) BRITO, Abílio – Ob. Cit. P. 55.

Criado em: 15/10/2013 9:37
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Sobre "Meditações sobre a palavra", de Alvaro Giesta
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Sobre "Meditações sobre a palavra", de Alvaro Giesta
(Publicado a 07.10.2013 em www.euxz.blogspot.com)


No início do ano de 2012, surge, sob chancela da Temas Originais, o segundo título da autoria de Alvaro Giesta, “Meditações sobre a palavra”, com o subtítulo de “um tributo a Ramos Rosa, o poeta do presente absoluto”.

Antes deste volume, o autor editara “Onde os Desejos Fremem Sedentos de Ser”, obra em que se estreara a solo, este publicado pela Corpos Editora, decorria o ano de 2011.

Posteriormente, desta feita através das Edições Vieira da Silva, também em 2012, veio a lume “Há o silêncio em volta”.

Destas três obras, onde se nota a oficina onde o poeta burila o trabalho a ser, há, na minha perspectiva, a destacar o título que menciono primeiramente e, sobre o qual, me debruçarei no presente texto.

Em “O poeta”, labor inserido anteriormente em “Cantoário (Antologia)”, datado de 2000, e que ressurgiu em “Prosas seguidas de Diálogos”, António Ramos Rosa escreve o seguinte:

“Ao contrário do que muitos pensam, o poeta não escreve a partir de imagens formadas na mente ou na imaginação. Essas imagens surgem ao nível da escrita, embora correspondam a um imaginário latente no inconsciente do poeta. Daí a primazia do poema como criação originária”. (1)

Um pouco mais à frente, refere que:

“o que determinava, essencialmente, a sua poesia, era a própria criação poética”. (2)

Alvaro Giesta, logo na abertura deste seu tomo, numa nota de autor, avisa o leitor que

“O homem, ao criar, põe no que cria engenho e arte sem estar sujeito a qualquer entidade inspiradora”. (3)

Talvez seja este, também, um dos motivos de o autor abdicar do acento agudo no nome que utiliza para assinar as suas obras, indicando-nos assim de que não é um poeta esdrúxulo, isto é, no sentido de complicar o efeito do seu acto de escritura, antes pretendendo que este surja aos olhos de quem o lê como cristalino, guardando para si, enquanto agente exclusivo do acto criador, a carga inerente de um quase estauróforo.

Por seu turno, este livro, “Meditações sobre a palavra”, recebe, tal como antes referi, como subtítulo “um tributo a Ramos Rosa, o poeta do presente absoluto”.

Tenho como ideia sobre a produção poética de António Ramos Rosa a de uma espécie de poeta solar, daquele que soube entender a sombra, tocar no corpo e olhar para a luz, trazendo de volta o caminho, através da palavra, da aproximação a todas as coisas.

Talvez por isso a palavra em António Ramos Rosa nos apareça como sendo única e inaugural, como produto, tal como nos sugere Alvaro Giesta, de um presente absoluto.

Esta sequência: sombra, corpo e luz; não tem que ver, no imediato, com o Mito da Caverna, de Platão, embora também se pudesse ir por essa via, dado que, no fundo, estamos a falar sobre a possível forma de alcançar o conhecimento, também este na medida do possível, de todas as coisas do mundo, antes tem que ver com o que António Ramos Rosa menciona, e cito:

“O sol é todo o espaço
e toda a vida é sol
dentro de nós
fora de nós

O sol é o único deus
visível” (4)

Mas mais do que um deus visível, mais do que o rosto, nós sabemo-lhe o nome. E sabemo-lhe porque soubemos construir uma palavra que o representasse em nós, porque o sol em si, tal como um grão de areia, ou qualquer outra coisa, não carece de palavras, simplesmente são, mas não o são, no entanto, para nós, na medida em que sentimos a necessidade de indagar sobre todas as coisas do mundo e, para que tal ocorra, precisamos das palavras.

E é exactamente isto, na minha leitura, naturalmente, o que está em causa no presente volume de Alvaro Giesta, “Meditações sobre a palavra”, o saber que a palavra em si pode e deve ser mais do que a palavra para cada um de nós, inclusive para o próprio, daí a utilização da linguagem poética, registro esse onde a palavra adquire valores diversos aos que comummente lhes são atribuídos.

A palavra é aquilo a que, colhido como sombra, urge saber-lhe do corpo, quase direi, tal como Teixeira de Pascoaes, que

“a Palavra é uma Criatura; tem, portanto, a sua anatomia e a sua psicologia, dignas do amor, do respeito e carinho que merece tudo o que vive” (5)

e, após tomarmos consciência de tal, saber que, se há sombra, se há corpo, algo lhe toca, algo permite o seu desenho, isto é, algo o afaga com luz.

Alvaro Giesta traça-nos o poema partindo, porque o demanda, do que radicalmente nomeia a coisa, que em sombra nos é apresentada, para o trabalhar, retirando-lhe os excessos, levando, direi, ao osso, ao mínimo, ao essencial para que o corpo, ele próprio, na palavra se possa vislumbrar para, posteriormente, saber da via, o ter consciência que o poema pode e deve ser luz, citando-o:

“e o conhecimento a iluminar
quando
do seio da terra nasce a criatura” (6)

A palavra deve ser procurada porque

“a palavra é!
está
no altar-mor que lhe é devido” (7)

para que o poema, tal como uma escultura, que nasce do ventre de uma pedra em bruto, seja o revelar do corpo que nessa mesma pedra estava oculto.

Tal efeito só é possível se o artesão dominar o uso dos artefactos e souber das próprias propriedades da matéria a trabalhar.

Creio que estamos perante um poeta que demanda, dia após dia, no recato da sua oficina, o desvelar dos segredos do seu mister e esta obra, porque medita sobre matéria e utensílios, diz-nos exactamente isso. E o seu autor, mui certamente, sempre que um dos seus objectos se descobre no seu corpo exacto, imitará a sombra quando esta se inclina

“à passagem da palavra acabada
de nascer”. (8)


NOTAS:
(1) ROSA, António Ramos – Prosas seguidas de Diálogos. 4 Águas Editora. Faro. 2011. P. 22.
(2) ROSA, António Ramos – Ob. Cit. P. 22.
(3) GIESTA, Alvaro – Meditações sobre a palavra. Temas Originais. Coimbra. 2012. P. 9.
(4) ROSA, António Ramos – in Rua Larga, Revista da Reitoria da Universidade de Coimbra. Número 15. Universidade de Coimbra. Coimbra. Janeiro de 2007. P. 67.
(5) PASCOAES, Teixeira de – in “Observatório da Língua Portuguesa”. http://observatorio-lp.sapo.pt/pt/lig ... ngua/teixeira-de-pascoaes (último acesso a 01.09.2013). Com indicação bibliográfica: “Teixeira de Pascoaes, «A Fisionomia das Palavras» (1911), in A Saudade e o Saudosismo, Lisboa, 1988, p.18.
(6) GIESTA, Alvaro – Ob. Cit. P. 51.
(7) GIESTA, Alvaro – Ob. Cit. P. 31.
(8) GIESTA, Alvaro – Ob. Cit. P. 30.

Criado em: 15/10/2013 9:34
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Um cheirinho da Temas Originais no Brasil
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Vai ser lançado no próximo mês de Novembro, em São Paulo, Brasil, uma nova obra de Álvaro Alves de Faria intitulada "Um poeta brasileiro em Portugal", que contém entrevistas e vária fortuna crítica relativa às suas obras editadas em Portugal. Um volume ao qual a Temas Originais, orgulhosamente, está associada. Uma leitura que recomendo.

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Criado em: 2/10/2013 11:15
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a 5 de Outubro, em Lisboa, lançamento de "Canto de Diáspora", de Manuel C. Amor
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Camaradas,
É com agrado que envio em anexo o convite para o lançamento oficial da obra "Canto de Diáspora", de Manuel C. Amor, título primeiro da série "Vozes de Angola", a ter lugar no próximo sábado, dia 5 de Outubro, pelas 20h00, no Centro InterculturaCidade, sito na Travessa do Convento de Jesus, 16 - A (próximo ao Parlamento), em Lisboa.
Até lá, um abraço
Xavier Zarco

Anexar ficheiro:



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Criado em: 2/10/2013 9:40
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