Fruto caído

Data 26/09/2009 21:24:32 | Tópico: Poemas -> Sombrios

FRUTO CAÍDO

Quebrou-se o alento criador em mim
Sofrido como ramo vergado p'lo vendaval
Palmilho estrelas, procurando luz, caminho sem fim
Passo em silêncio, numa solidão glacial.
E os sonhos que guardei desta viagem
Albergo-os no imaginário,num canto do coração.
Alheio-me da tristeza e dobro-os ainda com coragem
Faço deles o futuro, ou talvez tão só a previsão.
Às vezes me assusta o silêncio, sobra desalento
Fica-me o coração inquieto, triste,
E indolente me fica o pensamento.
Numa impotência afirmando: como me desiludiste!

Hoje, não me sinto senhora de mim
Meu sorriso é forçado sem calor humano
O rio dos meus dias, serpenteia, embrenha-se e perde-se por fim
E as horas quais pássaros de passagem, me levam ao engano.
As minhas lembranças, são junquilhos a perder de vista.
Nas margens da vida, nos meandros da alma
Saltam imagens da memória,são já infinda lista.
E por entre mimos e afagos me abandono e volta a calma.

E do fruto que parecia caído ao chão entristecido
Ainda tem o que quer que seja de triste...
Mas sai do alheamento, o dia está convidativo
E em farrapos de sonhos doces e vagos vai fingindo que existe.

rosafogo

Este poema faz parte da Antologia editada pela Câmara de LOURES em Outubro 2009,chamada
«Viva Outubro» XIV encontro de poesia.




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