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Data 13/10/2009 19:13:16 | Tópico: Sonetos

Na clareira onde uivam os lobos
O dia amanhece sem medo, mas tarda
Até a lua se espreguiça na retirada
As doninhas entreabrem os olhos logo após

O uivo arrepiante dos ventos amargos
Que fustigam sem dó a alma que aguarda
Que o pó lhe cubra a dor disfarçada
Em risos bolorentos de tão antigos

Na clareira onde uivam os lobos
As gentes caminham sem rumo certo
As mentes amorfas entreabrem os lábios

A terra cobra, quer quebrar os pesados arreios
Que um passado lhe pôs sobre as costas
O povo esse, adormeceu pelos cantos.

Antónia Ruivo


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