Sonetos : 

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Na clareira onde uivam os lobos
O dia amanhece sem medo, mas tarda
Até a lua se espreguiça na retirada
As doninhas entreabrem os olhos logo após

O uivo arrepiante dos ventos amargos
Que fustigam sem dó a alma que aguarda
Que o pó lhe cubra a dor disfarçada
Em risos bolorentos de tão antigos

Na clareira onde uivam os lobos
As gentes caminham sem rumo certo
As mentes amorfas entreabrem os lábios

A terra cobra, quer quebrar os pesados arreios
Que um passado lhe pôs sobre as costas
O povo esse, adormeceu pelos cantos.

Antónia RuivoOpen in new window


Era tão fácil a poesia evoluir, era deixa-la solta pelas valetas onde os cantoneiros a pudessem podar, sachar, dilacerar, sem que o poeta ficasse susceptibilizado.

Duas caras da mesma moeda:

Poetamaldito e seu apêndice ´´Zulmira´´
Julia_Soares u...

 
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Antónia Ruivo
 
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Enviado por Tópico
AnaCoelho
Publicado: 13/10/2009 20:27  Atualizado: 13/10/2009 20:28
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 Re: «« Uivos ««
Um soneto com a força que sempre mostras nas palavras...um uivar que se faz ouvir...

Beijos

Enviado por Tópico
RoqueSilveira
Publicado: 13/10/2009 21:12  Atualizado: 13/10/2009 21:12
Membro de honra
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Localidade: Braga
Mensagens: 8104
 Re: «« Uivos ««
Fantásticas imagens e metáforas. Muito original o soneto. Gostei muito. Beijo