Infante no teu ventre, mãe

Data 24/10/2009 16:06:23 | Tópico: Poemas


Abarco as névoas geladas feitas sangue em mim.
Oculto-me por entre os desfiladeiros do ventre de minha mãe.
No teu útero rasguei o meu primeiro sorriso,
Dei-me a todos, ergui-me na tempestade,
Do egoísmo fiz pensamentos agrestes.
Brinquei nas profundezas dos mares e nos oceanos fiz-me Luz.
Sou deserto pela ansiedade.
Sou pensamento de desejo por nada querer.
Tenho amizades fortuitas com o Amor.
Tanto apaixonadas, como levemente dóceis.
Sou marcado pela intensidade na dor que alimenta o ar que sorvo.
Liberto-me a traços largos da canção negra,
Canso-me de mim,
Fujo para não me ver.
Quero-me e não me quero.
Penso em mim e não penso.
Queria ser outra vez,
Infante no teu ventre, mãe.
E de lá não mais sair.



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