Poemas : 

Infante no teu ventre, mãe

 

Abarco as névoas geladas feitas sangue em mim.
Oculto-me por entre os desfiladeiros do ventre de minha mãe.
No teu útero rasguei o meu primeiro sorriso,
Dei-me a todos, ergui-me na tempestade,
Do egoísmo fiz pensamentos agrestes.
Brinquei nas profundezas dos mares e nos oceanos fiz-me Luz.
Sou deserto pela ansiedade.
Sou pensamento de desejo por nada querer.
Tenho amizades fortuitas com o Amor.
Tanto apaixonadas, como levemente dóceis.
Sou marcado pela intensidade na dor que alimenta o ar que sorvo.
Liberto-me a traços largos da canção negra,
Canso-me de mim,
Fujo para não me ver.
Quero-me e não me quero.
Penso em mim e não penso.
Queria ser outra vez,
Infante no teu ventre, mãe.
E de lá não mais sair.

 
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jomasipe
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Enviado por Tópico
Egéria
Publicado: 24/10/2009 16:36  Atualizado: 24/10/2009 16:36
Usuário desde: 28/09/2009
Localidade:
Mensagens: 885
 Re: Infante no teu ventre, mãe
Muito comovente!!! PARABÉNS
BEIJINHOS.


Enviado por Tópico
Moreno
Publicado: 24/10/2009 17:22  Atualizado: 24/10/2009 17:22
Colaborador
Usuário desde: 09/01/2009
Localidade:
Mensagens: 3482
 Re: Infante no teu ventre, mãe
Do ventre de tua mãe amaraste rumo à imensidão das águas, onde és infante na ventura das tuas letras...

Abraço


Enviado por Tópico
rosafogo
Publicado: 24/10/2009 18:49  Atualizado: 24/10/2009 18:50
Usuário desde: 28/07/2009
Localidade:
Mensagens: 10484
 Re: Infante no teu ventre, mãe
Não posso dizer que me surpreende, porque sei que sempre encontro boa poesia, e este é um poema comovente, que eu gostei muito.
Medito nos teus versos

«Fujo para não me ver.
Quero-me e não me quero»

Todo o poema é excelente, boa partilha,
pela minha parte o meu obrigado.

beijo
rosa


Enviado por Tópico
ÔNIX
Publicado: 27/10/2009 16:30  Atualizado: 27/10/2009 16:30
Membro de honra
Usuário desde: 08/09/2009
Localidade: Lisboa
Mensagens: 2683
 Re: Infante no teu ventre, mãe
Tenro de idade e de vidas deixadas noutras eras, te volveste interno ao ventre que te viu crescer.
Diz-me de ti nesse mar profundo onde habitas que te quero encontrar para lá de mim
Dá-me só um sinal, que me quero ver no teu corpo a caminhar por sobre as vestes que carregas. Serei amante interna do teu querer renascer de novo

Gostei muito


Bjs

Matilde D'ônix