XLIV

Data 10/11/2009 21:18:34 | Tópico: Textos


cambaleava por dentro da ferida, agitava o braço esquerdo numa anunciação de protesto, girava o corpo todo para o lado oposto e diante da casa iniciava o dilúvio. dos olhos um caudal de espanto, do peito, à margem do medo, a anunciação de algo bom, como se algo bom se fizesse de arremessos ou pequenas coisas como um girar de corpo ou um agitar de braço. nunca lhe conheci outra morada, se me habitava porque havia de chamar casa a outra coisa qualquer. às vezes, diante do coração, morria, outras chorava, outras encolhia-se até me caber na palma da mão, então pegava nela e movia o corpo para outro lugar mais feliz, onde a pudesse ver sorrir. ah como o sorriso dela me devolvia a mim mesmo.



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