Textos : 

XLIV

 


. façam de conta que eu não estive cá .

cambaleava por dentro da ferida, agitava o braço esquerdo numa anunciação de protesto, girava o corpo todo para o lado oposto e diante da casa iniciava o dilúvio. dos olhos um caudal de espanto, do peito, à margem do medo, a anunciação de algo bom, como se algo bom se fizesse de arremessos ou pequenas coisas como um girar de corpo ou um agitar de braço. nunca lhe conheci outra morada, se me habitava porque havia de chamar casa a outra coisa qualquer. às vezes, diante do coração, morria, outras chorava, outras encolhia-se até me caber na palma da mão, então pegava nela e movia o corpo para outro lugar mais feliz, onde a pudesse ver sorrir. ah como o sorriso dela me devolvia a mim mesmo.
 
Autor
Margarete
Autor
 
Texto
Data
Leituras
735
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
2 pontos
2
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 10/11/2009 22:33  Atualizado: 10/11/2009 22:33
 Re: XLIV
porque dividi plantas nesta maré e arranjei vasos venosos,
espero oxigénio.
gostei como sempre.
Abraço.

Enviado por Tópico
RoqueSilveira
Publicado: 11/11/2009 00:38  Atualizado: 11/11/2009 00:38
Membro de honra
Usuário desde: 31/03/2008
Localidade: Braga
Mensagens: 8095
 Re: XLIV
Bem, lamber as feridas e no fim sorrir é porque nada de grave se passa, só mesmo o cultivar da dor, da morte na dor para um maior prazer de renascer...Interpretações...minhas. Bj