XLV

Data 11/11/2009 20:53:57 | Tópico: Textos


sentou-se no rés do chão do corpo e encolheu-se, como um feto à chuva numa qualquer borda. quando assim a vejo tenho vontade de lhe arrancar o que assim a faz pequena, meter a minha mão pelo seu peito adentro e revirar-lhe as entranhas até lhe enforcar a dor, que sei que lhe habita as raízes do coração. hoje mesmo pensei fugir, floresta fora, à procura de quem me entregue paz, mas a paz é uma utopia, bem sei, e porque hei-de eu fugir da minha casa se é nela que está o meu alimento. todas as noites fico a vê-la morrer. ainda tenho esperança que um dia se atire de cabeça, caia para cima e, quem sabe, se torne céu.



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