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XLV

 


. façam de conta que eu não estive cá .

sentou-se no rés do chão do corpo e encolheu-se, como um feto à chuva numa qualquer borda. quando assim a vejo tenho vontade de lhe arrancar o que assim a faz pequena, meter a minha mão pelo seu peito adentro e revirar-lhe as entranhas até lhe enforcar a dor, que sei que lhe habita as raízes do coração. hoje mesmo pensei fugir, floresta fora, à procura de quem me entregue paz, mas a paz é uma utopia, bem sei, e porque hei-de eu fugir da minha casa se é nela que está o meu alimento. todas as noites fico a vê-la morrer. ainda tenho esperança que um dia se atire de cabeça, caia para cima e, quem sabe, se torne céu.
 
Autor
Margarete
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Enviado por Tópico
Amora
Publicado: 11/11/2009 21:32  Atualizado: 11/11/2009 21:32
Colaborador
Usuário desde: 08/02/2008
Localidade: Brasil
Mensagens: 4705
 Re: XLV
Constantemente me cai aqui o queixo porque sempre a leio e com olhos vermelhos, Mar.
Tornar-se céu... grande momento!
Beijinho

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 12/11/2009 11:30  Atualizado: 12/11/2009 11:30
 Re: XLV
uma série misteriosa e implacavelmente escrita. vou acompanhando.

bj

mário