o órgão do mar

Data 13/11/2009 17:19:03 | Tópico: Poemas -> Introspecção

por vezes
quando caminho sobre as pedras da beira rio
que se rasgam sob os passos
interrogo a tarde e os fantasmas
que se escapam destas fendas.

ao som de uma melodia evanescente
abro as portas da alma
e, de par em par,
todos os portões do corpo.

sem amarras, à beira de Ser
acalmo então a passada

leio teresa
o poema da recusa e pressinto
que se não as polpas
então os verbos crus nus como
os meus pés descalços, sempre descalços, sabem de ti
da erva
da cidade
do mar que é nosso
que unindo afasta as marés e as margens,

da falésia

de todas as coisas visíveis
de todas as se opõem
simétricas e complementares

das que falam
das que calam
das que gemem de prazer
das que gritam gaivotas soltas no silêncio de mulher,

é então que, em emudecimento contemplativo, oiço a lição de nietzsche
e, experimentada, solto o elástico que me prende

no vazio em queda livre, convicta
deixo-me pender, árvore de braços abertos
sobre o mar …


Poema inédito


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