Luxúria Agreste

Data 18/11/2009 08:19:03 | Tópico: Poemas



Reflectem-se em mim luzes sem vida, sombras sem passado.
Vivo da inocente candura breve, no espelho da maré em fúria,
quero-me na montanha abrupta, incerta, calada e moribunda,
satisfaço-me na mortalha ardente, podre, anciã, oráculo perdido.

Silencio-me nas mensagens, sós, molhadas, ocultas na tormenta.
Tenho prazer na luxúria agreste, selvagem, encantada no sentir,
no amante que se torna eterno, na imortalidade que se desvanece.

Tenho deleite na brancura que se esvaí, no sangue que se torna chama,
na calada e silenciosa neblina, caiada de cadências aladas.
Contento-me com o renascer, com o olhar meigo,
com a lágrima sincera e a emoção do desespero.

Dou-me a mim mesmo abrigo, sou casebre na tempestade,
um lugar de descanso, onde repousam os sentimentos e o temor,
onde repousam a indiferença e perda.



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