
Não trago mais saudade, fui embora! As lágrimas esqueci e os silêncios do meu ventre ficaram num barco partido à deriva dum sol esquecido ... estou ausente do teu mar fui chuva na despedida e agora, vento solto!
Não trago mais saudade, fui embora! Minha alma, pendurou o suco das tardes e dos medos, inquietas quimeras de tambores arrastados por sons acumulados no tempo da minha mente... ... não trago mais saudade, fui embora!
Se continuares à minha janela, já lá não estou! Meus sentires foram seiva pelo meu corpo a dentro, fui o que fiz e fiz de mim meu pensar e das ingénuas tréguas, queimei longas tardes esqueci de mim por ideias da tua presença não trago mais saudade, fui embora!
Silenciei pássaros de longe alcance dentro do peito cantei-os, dia e noite dos meus poemas acendi velas, sustentei caricias e voei voei num veleiro distante do teu fogo... ... isso é amor?
O perfume que me vestiu, não sabes mas foram singelas estrelas cadentes... ... acolhi-te em cada uma delas como espartilhos e notas de musicas suaves não trago mais saudade, fui embora, parti! Parti também o desespero da velha guitarra e das cordas dos meus momentos, deambulei pelo grito da vida para ouvir-te num eco, mas nunca te ouvi! Por isso fui embora... ... a saudade não trago mais!
O espírito que me embarcou não é meu, aprendi! Do frágil da amargura fiquei cansada e da palavra que nunca chegou, despi tuas flores que murcharam de fantasia... ... posso imaginar-te nas letras que vou sonhando ... posso sonhar-te nos dedos das palavras que calo mas querer alcançá-las, não quero! Não trago saudade, moldei meus vestidos e fui embora!
As pétalas dos sonhos que construí nos meus cabelos fizeram das cerejas armas e os perfumes permaneceram duvidas. Porque derrubaste-me em explosões de afectos dentro da prisão do teu jogo senti cada dardo jogado como anfitrião castigado e do divino que fui guardando em beijos ternos troquei mares revoltos por mares ansiados ... nunca vi luzes azuis! Nem violetas salpicadas de cor... ... só vi sombras dilaceradas e ternuras avidas, sem sabores!
Meus textos são mais amáveis? Agora não! Não trago saudade, fui embora! E nem o cheiro do meu imaginário me há-de castigar mais! Esqueci-me do mar gelado, que morreu, por isso parti, fui embora para não matar meus desejos nem meu extasie poético que se transformou... fico na fé declamada e se me quizeres lembrar, terás teu silêncio a ouvir aplausos que nunca me deste!
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