Penitenciária das Classes

Data 16/12/2009 22:29:13 | Tópico: Poemas -> Para Visitantes

Querem roubar a esperança da face juvenil
A vida real da periferia virou bang-bang
Assim nascem as novas vítimas do Brasil
Sob barulhento berço do sangue.

Sem governo a lei é do mais forte
O cachorro mais fraco é o que morre primeiro
Na luta pelo osso não se conta só com sorte
O malandro sabe esse verso por inteiro.

A juventude da favela também tem virtude
Não importa que o plenário diga o contrário
O sistema falho é que exige atitude
Nem todo moleque nasceu pra operário.

A policia sabe o morro fazendo a roleta russa
E assim aumenta a nossa "bela" estatística
Quando o pulso juvenil não mais pulsa
É ibope pro programa sensacionalista.

A criança da favela já não sabe o que é herói
Mas a classe burguesia não tá nem aí
Enquanto no gueto a realidade dói
O filho da madame tá na loja de gibi.

(Mas o raciocínio não é por aí)

O problema está nos dois lados da moeda
Tanto da classe A, como da classe D
É esse sistema que nos seda
Pra virarmos inimigos sem saber.

A geração da favela e a geração burguesa
Garotos são garotos o que muda é o sobrenome
Cada um com seu problema de pobreza e realeza
A rachadura vem da fome.

Quem morre é vítima pra sociedade
Sistema penitenciário já não exige grade
Quem mata é vitima da sociedade
Esse sistema já começa na maternidade.

O mocinho e o vilão a TV já escolheu
Novela da vida real é audiência
A sua opinião que já se corrompeu
Só fortalece o Brasil Decadência.

Eu fiz esse poema depois que comecei a ouvir rap de periferia.





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