Quando não salta-me aos olhos

Data 17/12/2009 16:17:50 | Tópico: Poemas

Engrandeceria o silêncio da lingua
Se o adocicado fosse
O absinto que embebeda os loucos
E a loucura as vezes não parecesse
Uma tragada de liberdade

Esfaquearia o profeta da praça
Se nossa doentia sanidade
Não pintasse de normalidade
Nossa caridade erguida na fumaça
Satisfeita com o pão embolorado
Que empurramos goela abaixo
ao nosso sentimento de culpa.

Compreenderia o silêncio da lingua
Se a fome fosse apenas
O prenúncio de uma próxima refeição
E não o preço pago pela saciedade.

Mas que tolice...
Pois esfaqueio o profeta da praça...
Esbofeteio os olhos úmidos...
Cuspo a chaga exposta...
Quando reitero que isso não faz parte
Do meu mundo.


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