. setenta e três .

Data 21/12/2009 21:05:16 | Tópico: Textos



a sala é enorme. um corpo estacionado ao canto com um copo de gin e um sorriso melancólico. a sala é enorme e se fecho os olhos, vazia. como eu. como tu. se não existes não és memória, e se te lembro, quando o faço - ou porque sim, ou porque mo obriga o coração - é porque há em mim o desejo de me partir ao meio. se te acompanho, se me acompanhas, não interessa, é como ser manhã, ou tarde, ou noite. quero lá saber que tempo faz, ou quem o faz. hoje, e por respeito ao corpo na sala estacionado, ou não, fecho os olhos e reprimo as memórias. a sala é vazia. queria respirar os teus olhos até o serem na minha boca, fechá-la depois, para sempre, tê-los comigo, quentes, na rés da língua. não haveria memória, não. ou haveria nela um par de olhos, enormes, a expiar o amor que trago preso à perpendicular do corpo.



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