E porque pensávamos no Amor

Data 05/07/2007 16:38:21 | Tópico: Prosas Poéticas

Sabes as vespertinas meias palavras, balbuciadas em meio gesto, que cheiraste no meu colo? Chegaste a pensar num livro qualquer, comprado numa livraria que não lembras.
E porque pensavas nesse livro, desabotoaste-me a pele e teus lábios foram serenos. O teu cotovelo desdobrou-se em seda e, em brandura, senti o teu abraço em púbis recortado.

É deleitosa curva com que me absorves, com que me enleias a tudo o que te permites descortinar. Tu plena, aqui, sorrindo aos suspiros que em mim cantam quando assim te estendes em mim. Tu que és a firmeza, a solidez, a mulher que recorto e deixo voar, pois sei-te em mim em cada contemplar que nos oferecemos, em cada gesto-trejeito que sem fim nos permitimos entoar.

E porque pensávamos nesse livro, soube-te amanhecer à beira-mar do meu corpo. Disseste-mo uns dias depois. E lembraste onde o tinhas comprado.



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=11211