Viagem incontida

Data 30/12/2009 13:16:07 | Tópico: Poemas

Venho do imo da carne,
subterrânea alma
imóvel nos dias longínquos,
onde os mares cavam rios
abrem em sulcos
o acordar do céu,
por ninhos inconfessos
de gaivota sem garganta!
Venho da vertente
dum poema,
escrito por meninos de sede
na distância do meu corpo!

Corri os mares mais adversos
E os eflúvios da terra,
Que na desordem do sono
Descem à memória
E debruçam naufrágios
Em sombras do olhar.
Deslizei por brumas oblíquas
Entre homens que uivavam
Os crimes dos homens…

Venho do além longe
da outra margem
-dum ponto infixo
na distância,
mas perto da alma!...
Venho do poente nocturno,
para lá da náusea,
num leito trocado pelas horas,
ou em sonos de uma criança
sem espessura,
que a distância não alcança!


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