33º Soneto

Data 04/01/2010 23:57:28 | Tópico: Sonetos

O cantar ferrugento das grilhetas
Quase que soldadas à carne ferida
Confunde-se no assobio do chicote
Enrolado no frio do velho tronco

Olhos negros nas senzalas abertas
Fechados nesta vida agora perdida
Escondida nos cafezais, falsa sorte
A de ter nascido homem e não branco

A dor cicatrizada na memória
Corrói o lado humano da besta
O seu grito de parca glória

Mão ensanguentada velha e gasta
Que perde em si razão da história
Vergonha que seu corpo arrasta


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