Sonetos : 

33º Soneto

 
O cantar ferrugento das grilhetas
Quase que soldadas à carne ferida
Confunde-se no assobio do chicote
Enrolado no frio do velho tronco

Olhos negros nas senzalas abertas
Fechados nesta vida agora perdida
Escondida nos cafezais, falsa sorte
A de ter nascido homem e não branco

A dor cicatrizada na memória
Corrói o lado humano da besta
O seu grito de parca glória

Mão ensanguentada velha e gasta
Que perde em si razão da história
Vergonha que seu corpo arrasta


A Poesia é o Bálsamo Harmonioso da Alma

 
Autor
Alemtagus
Autor
 
Texto
Data
Leituras
753
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
2 pontos
2
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Antónia Ruivo
Publicado: 05/01/2010 00:05  Atualizado: 05/01/2010 00:05
Membro de honra
Usuário desde: 08/12/2008
Localidade: Vila Viçosa
Mensagens: 3855
 Re: 33º Soneto
Fernando, um dos mais belos senão o mais belo e realista soneto que li neste site, obrigado por este momento, beijinhos