 
  
    	… gelados, os lagos e os gestos
    	Data 07/07/2007 18:02:29 | Tópico: Poemas
 
  |  Choro a tua boca verde de mim e os teus olhos ausentes das maças do rosto,  em orifícios ocos, escavados a bisturi no sangue a fumegar de quente.
  Choro a saudade latente em cada vaga - vaga-lume incendiária, na colina acidulada, da tarde burilada nas costas das nossas vidas.
  Das crostas, as feridas e o infecto pungente que nos assola cães vadios na tibieza das pernas, no desapego de um vento. 
  Na caserna desabrigada borbulham-se  rituais orgânicos, em águas afogueadas  de vulcões entorpecidos. 
  … gelados os lagos, de tão salgados.
  Petrificados, amado, todos os meus gestos na submissão sonâmbula,   na vassalagem do verbo incerto, no aposto,  no oposto e no imposto, de um eco que não chega, que não é brisa, nem afago,  nem tão pouco carícia retribuída,  no tacto de quem, por medo, partiu,  quando o anil do céu em luz se abriu e a noite do dia amanheceu.
  Choro a minha boca verde de ti nas raízes apodrecidas de uma árvore que robusta, não nasceu. 
 
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