A Doença da Insônia

Data 07/01/2010 15:16:02 | Tópico: Poemas -> Introspecção

Não são as lamúrias
Da minha experiência carnal
Que fazem meu espírito sucumbir.

Não são as alegorias
Das benfeitorias sensoriais
Que me fazem verdadeiramente sorrir.

Mas a contemplação do infinito,
A nossa herança cósmica,
Que arrancam os suspiros da minha alma.
O legado eterno neste corpo eutério,
Aquilo que nos aproxima das divindades,
E torna-me insignificante
Quando contemplativo.

Não é a Terra
Nem o firmamento.
Mas a linha talhada densa
E fina
Que os une
E separa.

É o amor
Tatuado na verdade
Que nos amedronta.
Pois não sabemos se a verdade liberta,
Tal qual a luz que cega.

A dor dos mortais
Não dói tanto quanto meus desejos imortais-
Não quero deixar legados,
Mas conduzi-los até o fim.

Porém, na clausura da minha matéria,
Infectado da doença dos justos,
Escondo a minha pele nua.
Envergonho-me da minha imagem de Deus,
E carrego minha esperança
Até quando me tornar aquilo que possuo.

Sou isso, enquanto todos-
Sou mais, enquanto indivíduo,
E pergunto-me:

Até onde chegaremos,
Se não sabemos o caminho de casa?



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