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A Doença da Insônia

 
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Não são as lamúrias
Da minha experiência carnal
Que fazem meu espírito sucumbir.

Não são as alegorias
Das benfeitorias sensoriais
Que me fazem verdadeiramente sorrir.

Mas a contemplação do infinito,
A nossa herança cósmica,
Que arrancam os suspiros da minha alma.
O legado eterno neste corpo eutério,
Aquilo que nos aproxima das divindades,
E torna-me insignificante
Quando contemplativo.

Não é a Terra
Nem o firmamento.
Mas a linha talhada densa
E fina
Que os une
E separa.

É o amor
Tatuado na verdade
Que nos amedronta.
Pois não sabemos se a verdade liberta,
Tal qual a luz que cega.

A dor dos mortais
Não dói tanto quanto meus desejos imortais-
Não quero deixar legados,
Mas conduzi-los até o fim.

Porém, na clausura da minha matéria,
Infectado da doença dos justos,
Escondo a minha pele nua.
Envergonho-me da minha imagem de Deus,
E carrego minha esperança
Até quando me tornar aquilo que possuo.

Sou isso, enquanto todos-
Sou mais, enquanto indivíduo,
E pergunto-me:

Até onde chegaremos,
Se não sabemos o caminho de casa?


"A maior riqueza
do homem
é sua incompletude.
Nesse ponto
sou abastado.
Palavras que me aceitam
como sou
— eu não aceito." Manoel de Barros

 
Autor
Cleber
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Enviado por Tópico
Conceição Bernardino
Publicado: 07/01/2010 16:31  Atualizado: 07/01/2010 16:31
Usuário desde: 22/08/2009
Localidade: Porto
Mensagens: 3357
 Re: A Doença da Insônia
olá Cleber,

respirei solenemente liberdade espiritual neste poema.
parabéns.

beijo