Repito, redigo, não sei na verdade ...

Data 10/07/2007 17:21:05 | Tópico: Poemas -> Amor

Repito, redigo, não sei na verdade
se o que sinto é loucura ou se é saudade,
se é um gemido, um lamento, de uma voz de verbo,
se uma voz chorosa, tal qual um vento,
se um clame fogoso, de um rejubilado cíclame
cultivado num vaso ou navio,
deliberadamente à janela de um gosto.

Na boca rubra do beijo só sinto o desejo
a percorrer-se. Impaciente, impetuoso,
nas conchas da chama, da carne ondulada,
na carne enrugada
de deusa prescrita nos templos de bruma,
em faros soprados, em arames farpados,
em desertos dotados de sal e de mágoa,
em melancolias de dunas, d’areias,
sem transumância de gados.

… vazio o deserto nos vazios dos prados
dourados a verde, na tua ausência,
na tua sede.

Nesta noite que venta, na noite que ofega,
que nos sopra, do ventre à boca,
em alienações de entrega,
em velas sem rumos
navegam nebulosas nas pétalas
já secas de imaculadas rosas

E dos seios de mulher
escorre-se agora, na exactidão do leite,
a certeza maior, de p’ra sempre te amar
de jamais te esquecer,
de te me consagrar, se te oferecer,
a pele da alma - a alma teu porto -,
do findar do dia até ser dia
de amanhecer.



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