O CHARCO E A LÁGRIMA

Data 25/01/2010 16:53:45 | Tópico: Poemas -> Tristeza

abri o dia na asa dum charco que era podre e queria ver o sol. alertei o pântano do lado que começou a gritar os ossos revoltados. bradou de cólera, com boca de avidez e olhar de altivez. quis enganar a minha lágrima perdida mas falhou a febre da imaginação.o vento levou a areia e aqueceu o mistério da lágrima angustiada.transferiu-me a alma para a terra do cais. magoei os joelhos na pedra e ardi na fogueira para queimar a ferida. debrucei-me no orgulho e vi o sangue saltar dos astros e a terra se inundou de ilusões. voltei à véspera para agasalhar a asa, mas a garça que sou tinha-se enforcado no esqueleto da noite.

Eduarda


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