Entre Vidas

Data 03/02/2010 22:49:46 | Tópico: Poemas

animei num vale de estátuas
onde julguei ser mais uma diante o vazio
adobe em treva crescia
no mutismo dos meus olhos pétreos.

ao despertar ainda vi
dois tições fixos penetrando,
O meu sangue com a cegueira de abismo
e durante algum tempo perseguiram-me
com aquelas palavras-final:
“depressa morrerás”

procurei outros horizontes que rapidamente
me afastassem das tenebrosas palavras do augúrio
e do mel vácuo favo que escorria
daquele útero de argila com palha seca que me cercavam, repetindo:
“depressa morrerás”

não sei porquê não pude encarnar-me na infinitude
tão distinta que por vezes imagino
ter-me convertido num outro ser
por isso pergunto-me
se aqueles olhos pez, agora meus
não acabarão por cumprir a promessa.



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