06: 21 Hora de Saturno
Data 13/07/2007 16:37:42 | Tópico: Poemas
| 06: 21 Hora de Saturno
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O quê?!, Sou eu, uma hora, um erguer compassivo um punhado de relâmpagos A vida toda num instante, e mais outro tanto de noite Eu, um acelerador de partículas e uma coisa acelerada, o abismo adentro e um vinco mal amado nas calças
Eu, numa hora que se faz instante num instante que o perde
2 Levanto-me estremunhado, parece ser o meu turno, E ateio o sol habitualmente, trago à luz um novo dia- -a-dia Sob um farol de anúncio; Estavas deitada junto ao Vesúvio semi nua, na companhia de um caderno verde de poemas ilegíveis Trazias nos braços as marcas de um erro atroz, um erro atroz, a rima com voz e uma ferida esgotada de sangue Estiveste sempre certa pela hora de Saturno Apetecia-te a iluminação de natal da avenida, dentro do quarto nunca te habituaste à ideia das enxaquecas que acarretaria
Mas foram tantas as manhãs em que acordei contigo Que sem ti já não sei como acordar sem medo de te velar morta, em mim
3 Latente é hoje a maldição aluada a criação das palavras, os toldos coloridos os apêndices duma praça primeiro mundista Latente o vislumbre alaranjado sobre o caos, a suspeita descarnada, ensurdecida O fim passageiro, O jardim descuidado A facada de meio punhal E Um arrepio prateado
4 diletante nas linhas, nas pontas dos dedos a plenos pulmões sou pela odisseia submarina, de pulsar ofegante vazio-propulsor dum quarto-periscópio, a cidade-hepilepsia um cigarro-poeta o matiz plural e a lâmina imberbe o mergulho transeunte, uma velocidade de rio a solidão amovível, um oceano que a toma uma nudez esquiva e mãos vasculhantes, um irmão amanhecido no asfalto a valsa cósmica sirenes, alarmes solidez mortal esluvial, oxidante o colar-guilhotina uma cabeça com asas incrustadas o voo, a escala na lua à galáxia mais próxima historiar um crime indiscutível ditar um romance suicida
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há muito que não te posso escrever... há muito que não há por que esperar ou por que partir o amor e a sua toalha de rosto secreta; num fogo de palha Onde acontecem as mãos dadas O amor desce as calçadas E Nada faz senão morrer, Por nada Jovial-incendário homicida passional
desabou sobre tudo Abismo abaixo perdeu os óculos de ler Os sinais do céu Diz-me, afinal ao que viemos todos? Estive demasiado ocupado A despir-me, do mundo A entalhá-lo, absorto Incontactável, Quis salvar um só verso Da tua fome, fazer tempo Escrever-te, ultimamente
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Tu, que não tens pátria, junta-te a mim há lugar para ti, nesta galera setentrional mulheres, promessas, rosas e ventres de roseira tu, que não tens nada a perder, junta-te a mim há desespero por cá, novos sabores, poemas matutinos tu, que não sabes nada, junta-te a mim aprende a esquecer e a desferir golpes mortais tu, que não encontras por que nascer, junta-te a mim engorda as fileiras dos que a si próprios se abraçam aluados, errantes... tu que não encontras ninguém, vem comigo há descaminho para ti, uma chuva gentil páginas em branco tu, que amas a vertigem, chega-te a mim tenho um plano por aí, um espectáculo infindo, Tu que não escutas ninguém, canta comigo Existe um lugar para nós. 7 Começa com uma descompostura divina, Engorda na pastelaria da esquina Concretifica-se num ribombo crédulo Silencia o filho, pródigo Entrevirgulado, Dissimula-se e mente furiosamente
Começa com rimas e acaba em branco Descura o enlevo e embarca a mais longa e desaconselhada viajem Nós não precisamos de ajuda oferecemo-nos há escassos segundos um ao outro e nenhum de nós percebeu como é que os mandriões se tornaram poetas; A pergunta é uma só E Preserva o pensamento fora dos eixos, Estarei a enlouquecer? Os psicanalistas alegam: ...devemos conhecê-lo melhor por dentro O que traz reprimido num esquema de sobrevivência, Sabemos ser perito em balões de ar quente E que vive do que pode fotografar da tempestade Acima das nuvens, Partindo surdo e de noite apesar das ameaças da meteorologia
Começa com uma explosão e depois implode Insustentando a pressão externa mais pequeno, na contramão de si mesmo menos razoável arrasta um regimento de cavalaria que fará actuar assim se divise o tédio Ataca: Viva a Praça-mundis-intergalática!
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