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Data 22/02/2010 22:58:44 | Tópico: Textos

- al berto -







"deixaste-me sobre a pele um rasgão que já não dói. mas quando a memória da noite consegue trazer-te intacto, fecho os olhos, o corpo e a alma latejam de dor."
al berto





queria dizer-te onde dói. agarrar o bálsamo dos olhos e cravar a língua na pele. eras rude e belo, perfeito e ameno. eras o tempo de ver nascer as flores. cresciam-te entre as lágrimas, onde barcos atracavam às portas do corpo, o teu corpo de pássaro ferido. cortaram-te as asas com as pernas. eu soube de ti quando o manuel escreveu uns versos e o helder os despiu. mas não me viste a sobrevoar o futuro, não.ó al berto onde meteste a saudade? queria construir com ela umas asas novas para te entregar, talvez então me levasses contigo, não sou daqui, sou do mar, de onde se vêem as docas, de onde se cheira longe a terra entre os olhos. estou aflita. tu sabes que quando se está aflito se traz um coração pesado ao peito. no meu o mapa dos teus dedos como carimbos de fogo, selos de água, andávamos perdidos, andamos ainda, tu nos teus poemas e eu nos meus textos, à espera que as ondas me levem para casa.






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