sem número.

Data 24/02/2010 21:07:23 | Tópico: Textos





foram esquemas de seiva nos olhos, direcções de sangue, lugares de podre. foi o ruído múltiplo dos gestos, braços a cortar o ar como foices. era manhã e choviam pedras. tu dizias-me de todas as manhãs sem mim e eu enchia o papo de carinho. talvez depois nada exista para ferir o mundo e seja coincidência esta loucura. talvez todas as manhãs sem mim te fujam como pássaros magoados. há pedaços de mim que têm asas e fogem enquanto chove. outros pedaços são sinais de fumo quando estás longe. já te contei das planícies de sombra, catos de escuridão; dos vasos ao coração um enxame de saudade. tudo isto só é porque reside em nós a certeza de nada ser entre os corpos. deixa-me morrer, amor, amanhã há tempo para nascer de novo.



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