A dois passos do fim

Data 26/02/2010 01:38:11 | Tópico: Textos

... e mastigava memórias que trazia no bolso, como quem rói uma côdea de broa seca, numa tentativa desesperada de enganar a fome de uma vida inteira, cujos feitos e sacrifícios já nada importam aos novos de agora... fingem ouvir com breves acenos de cabeça oca, rindo à socapa por entre os dentes meio cerrados e ignorando o quanto lhe pesam os dias cheios de horas que agora lhe carregam na lentidão do vagar com que vai arrastando um pé atrás do outro rua acima.
No mesmo banco de sempre, no jardim das melancolias murchas, espera-se ainda pelo amigo que hoje não apareceu...
Nisto, ouve-se o soar sinistro das badaladas tristes que o sino chora, lá do alto da torre da igreja silenciosa.



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