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Data 23/03/2010 20:51:21 | Tópico: Textos

- pedro tamen -


"Tão dlim, tão dlão,
tão coração,
tão rim."


"Só não te dou o que não serei.
Não, a minha morte, não ta dou."


"aquele que não ama nem odeia, por não ferver, azeda como o leite."

pedro tamen


por não lhes dares a tua morte julgaram que te podiam enfiar o mundo todo no umbigo. na ferida que então aí nasceu apareceu-te um campo de lírios, são bonitos os lírios altos nos olhos pedro. ainda ontem te vi: dois sonhos seguravam-te o cordão umbilical e tu saltavas, na minha memória não tremias, nem te via pânico no olhar, nem te via medo nas pernas, saltavas alto, às vezes por cima das palavras ias, soletrando poemas como quem chora.e sei que te dóem os pinhais e as serras e as giestas, e tudo o que te recordam dias amenos porque só te sabes nos extremos. e o tempo, pedro, já te dói menos, já não trazes no pescoço as horas presas, já te esqueces. também eu queria esquecer-me dessas mortes que me dizes quando o peito se acobarda e não te esconde amor. ao pé de ti ficar, os pés nús, a boca aberta, as mãos no colo, e assim chorar-te, morrer-te, matar-te pedro, matar-te.







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