Textos : 

115

 
- pedro tamen -


. façam de conta que eu não estive cá .



"Tão dlim, tão dlão,
tão coração,
tão rim."


"Só não te dou o que não serei.
Não, a minha morte, não ta dou."


"aquele que não ama nem odeia, por não ferver, azeda como o leite."

pedro tamen


por não lhes dares a tua morte julgaram que te podiam enfiar o mundo todo no umbigo. na ferida que então aí nasceu apareceu-te um campo de lírios, são bonitos os lírios altos nos olhos pedro. ainda ontem te vi: dois sonhos seguravam-te o cordão umbilical e tu saltavas, na minha memória não tremias, nem te via pânico no olhar, nem te via medo nas pernas, saltavas alto, às vezes por cima das palavras ias, soletrando poemas como quem chora.e sei que te dóem os pinhais e as serras e as giestas, e tudo o que te recordam dias amenos porque só te sabes nos extremos. e o tempo, pedro, já te dói menos, já não trazes no pescoço as horas presas, já te esqueces. também eu queria esquecer-me dessas mortes que me dizes quando o peito se acobarda e não te esconde amor. ao pé de ti ficar, os pés nús, a boca aberta, as mãos no colo, e assim chorar-te, morrer-te, matar-te pedro, matar-te.



 
Autor
Margarete
Autor
 
Texto
Data
Leituras
940
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
2 pontos
2
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
jaber
Publicado: 23/03/2010 21:23  Atualizado: 23/03/2010 21:23
Membro de honra
Usuário desde: 24/07/2008
Localidade: Braga
Mensagens: 2780
 Re: 115
Não falo de palavras, nem de goivos,
mas de horas atadas ao pescoço.
Poema verdadeiro é sermos noivos:
saber tirar a pele e o caroço
(...)

como se ao espelho visse o próprio rosto,
mas tu além-palavra, ao pé de mim.

áh grande pedro

Beijo nesse Mar

Enviado por Tópico
Margarete
Publicado: 24/03/2010 23:35  Atualizado: 24/03/2010 23:35
Colaborador
Usuário desde: 10/02/2007
Localidade: braga.
Mensagens: 1199
 a minha morte não ta dou de pedro tamen
A minha morte, não ta dou.
De resto, tiveste tudo
- a flor, a esta, o lusco-fusco,
a inquietação do dia 8,
as órbitas das mães, das mãos,
das curiosas palavras de não dizer nadinha.
Tudo tiveste: estás contente?

Feliz assim por teres tudo o que sou?
Feliz por perderes tudo o que sei?

Só não te dou o que não serei.
Não, a minha morte, não ta dou.

pedro tamen