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    	Data 25/03/2010 16:16:18 | Tópico: Poemas -> Infantis
 
  |   Depois que soube que os meus donos  voltavam para o continente,  fiquei triste e  com medo de ficar sozinho…Mas não.  Fiz a minha primeira e única viagem de automóvel a caminho da terceira dona.  Como seria ela? Eu já me sentia da família,  não esquecendo a minha querida “Boneca” (gata linda e felpuda). Não gosto de automóveis,  e para não vomitar fui ao colo da minha dona, olhos fechados, cabeça encostada ao pescoço dela e unhas bem espetadas nos chumaços do casaco. 
  Chegamos! Sempre ao colo,  fomos para uma sala  com uma grande porta de vidro  a separá-la da sala de jantar.  Primeiro olhei com atenção,  até que tomei coragem  e saltei para cima dos móveis.  Andei como uma cabra,  pata aqui, pata ali, sem partir nada.  Todos se calaram vendo a minha habilidade.  A nova dona deu-me liberdade, o que me encantou.
  Mas, sem esperar, que susto apanhei !    Até fiquei eriçado e o coração a galopar.  Valeu-me a porta de vidro!  Do outro lado,  estava um gigante pastor alemão!  “Estou lixado”, pensei  eu. 
  Mas enganei-me.  À hora do jantar,  a nova Dona  (tão boa como a outra),  deu-me o jantar e do outro lado  o matulão comeu o prato dele.  Logo percebi que cada um,  não se metia com o outro. Dormimos na mesma garagem,  cada um no seu canto e na sua cesta.
  Estou feliz, pensei.  No dia seguinte conheci o quintal  e a malta que lá vivia.  Então fartei-me de andar  e depois do almoço dormia belas sestas.
  Passados uns meses ou um ano,  resolvi atravessar a estrada.  Só que não vi que vinham carros dos dois lados  e… sem dó, deram-me uma forte pancada,  caí para o lado e… dormi para sempre. Adeus Amigos e “Boneca”. Saudades do Besugo.
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